“A Sociedade de Consumo é uma orgia. Como tal ela não terá duração. O momento da verdade é inevitável. Estamos agindo hoje como se fôssemos a última geração e a única espécie que tem direito à vida. Nossa ética que não abarca os demais seres, não inclui sequer nossos filhos.” – José Antônio Lutzenberger (1921-2002) – do livro Fim do Futuro? Pág.37 (1ª Ed. 1980)
Quando observamos que a humanidade não consegue fazer uma leitura acurada das informações que lhe chegam em “doses homeopáticas” via meios de mídia e veículos de comunicação espalhados pelo mundo inteiro acerca de nosso futuro comum, nós ambientalistas encontramos um enorme abismo entre a realidade vivida em vários estados brasileiros ou nações ricas ou pobres, que estão acabando com suas fontes de recursos ambientais, sem prever um futuro catastrófico. Por outro lado a grande maioria da população acéfala da informação real e passível de reflexão e da gravidade do que está ocorrendo em suas cidades e em diversas outras regiões do planeta, transformam-se em responsáveis pelo caos que se aproxima.
Os incêndios na Austrália são exemplos atuais, quando os habitantes daquele continente distante sentem os reflexos de toda a denúncia feita durante seis décadas, e jamais ouvida pelos que governam os muitos países e seus conglomerados industriais e comerciais, que extraem a matéria da natureza, produzem, poluem, degradam e descartam suas embalagens de forma nociva a humanidade, contaminando a água, o ar e a terra.
Quando fatos tristes ocorrem, com a destruição de várias casas em cidades de Santa Catarina, lembramos que a natureza “matou centenas”. E quantas centenas ou milhares de árvores são abatidas em encostas de morros, ferindo a legislação ambiental, burlando a segurança pública dos habitantes de uma cidade, como as que foram destruídas pela fúria dos eventos climáticos.
Permitindo-se a construção em morros, beiras de rios e outros atentados a natureza, que são lembrados após os eventos como causas dos desastres, quando da calmaria, tudo voltará ao normal. Então teremos o “drama social e ambiental” constantemente nas manchetes dos jornais, rádios e emissoras de televisão nos próximos anos, ou quem sabe amanhã mesmo outro reflexo já possa estar sendo sentido em algum ponto do planeta terra.
Em outro extremo de problemas planetários, está a caça comercial de baleias, efetuada com grande eficácia pela frota japonesa que está no Mar de Ross, equipada com um navio-fábrica e três navios de caça, que abatem até mesmo filhotes. Uma grave violação aos direitos universais dos animais, e um grande atentado contra toda a humanidade.
As baleias, animais de grande porte e longevidade espantosa da espécie, são as guardiãs dos mares e dos cristais submersos que estão sendo ativados gradualmente até 2012, aquecendo o interior do planeta. Os seres humanos estão completando o serviço dos caçadores de baleias, ao derrubarem as florestas que são as guardiãs da terra, ao poluírem os rios que são as fontes de vida, ao contaminarem o ar que nós respiramos e aquecendo o planeta com os gases emitidos para a atmosfera.
E quando ativistas ambientais e na defesa da vida destes animais, em plena fúria do agitado Mar de Ross, na costa antártica do Oceano Pacífico, ao sul da Nova Zelândia, num “fim de mundo gelado” estão prontos a cometer atentados Kamikazes contra a frota japonesa, entendemos que estamos em guerra contra um inimigo poderoso, o “Senhor Mercado”, e em qualquer parte do planeta. Na Língua japonesa kami significando "deus" e kaze, "vento". Pesquisando sobre o significado do nome, este foi um tufão que dizem ter salvo o Japão em 1281 de uma invasão liderada por Kublai Khan, conquistador do Império Mongol.
Em Japonês o nome "kamikaze" é apenas usado para designar este tufão, e neste caso, pode ser traduzido como: "Vento de Deus em prol do Japão". Na língua inglesa, refere-se a um ataque suicida usado pelos pilotos japoneses que combateram na Segunda Guerra Mundial.
Os ativistas do Sea Shepherd estão lutando contra um Golias poderoso e prontos a cometer o atentado contra a frota baleeira. Todos os ativistas atuantes em defesa do ambiente e da humanidade estão em perigo, pois avança dia e noite a degradação ambiental, e a flexibilização da legislação em favor dos empreendimentos e atividades que colocam em risco as populações, acabam com a esperança em vários destes que usam suas vidas em prol da natureza e do futuro.
Os grandes pensadores já nos alertavam sobre a crise ambiental ser uma crise ontológica. Enquanto alguns seres humanos vêem outros seres como objetos de uso e a natureza como fonte de lucro e riqueza, todos os terráqueos continuarão a destruição e a guerra contra o planeta, em nome de conforto, acesso a tecnologia e bens de consumo.
O salto quântico de 200 anos na história da humanidade, quando do início da era da industrialização dos produtos do campo e da frota de veículos começar a trafegar pelas ruas do planeta foi acompanhada com preocupação de várias origens sobre os impactos futuros destas invenções.
Atualmente as preocupações estabelecidas em “Princípio de Precaução” na Constituição Federal não são cumpridas, quiçá, ouvidas as comunidades afetadas, e temos exemplos grotescos de “grandes obras” que produziram “enormes passivos” para a sociedade e para o ambiente natural, sem que tenham sido evitadas, por todos os meios possíveis denunciadas as gravidades relativas ao “empreendimento”, e mesmo assim milhares de Araucárias, orquídeas, bromélias e tantos outros seres vivos foram afogados no lago da Usina Hidrelétrica de Barra Grande, tudo em nome do Progresso, sem Ordem.
Julio Wandam
Ambientalista