Pessoas sensíveis a ondas eletromagnéticas fogem de celulares e wi-fi
Região sem rede wi-fi virou oásis para quem supostamente sofre de hipersensibilidade eletromagnética nos EUA
Enquanto a maior parte do mundo busca conexões mais ágeis e celulares mais eficientes, um grupo de americanos quer se ver distante das ondas eletromagnéticas. A zona livre de ondas de rádio na Virgínia Ocidental tornou-se o oasis para essas pessoas, que fogem das dores causadas pela chamada hipersensibilidade eletromagnética.
A doença ainda não é formalmente reconhecida pela Organização Mundial de Saúde. Mas pessoas como Diane Shou conhecem bem os sintomas que a fizeram deixar o marido e os filhos no estado de Iowa em busca de um novo lar, repleto de ar puro e sem nenhuma onda eletromagnética.
Diane vive agora em Green Bank, no Estado da Virgína. A chamada zona livre de ondas de rádio possui 33 mil km2 onde não celulares e nenhuma outra conexão de internet funciona. A razão são os diversos telescópios que funcionam na área. Enquanto ainda vivia em Iowa, Diane passava a maior parte do tempo isolada em um espaço construído especialmente para bloquear a entrada de ondas de rádio.
"É uma coisa horrível ter de ser um prisioneiro", diz ela. "Você se torna um leproso tecnológico, porque não pode estar em torno de pessoas."
Mesmo sem reconhecimento oficial, estima-se que 5% dos americanos possuam algum tipo de sensibilidade eletromagnética.
Estudo
Um estudo da Universidade do Estado da Louisiana, publicado no International Journal of Neuroscience, mostra, no entanto, que existe uma relação entre as dores e as queimaduras na pele com a frequencia eletromagnética.
O professor Andrew Marino lembra que ainda não haviam estudos relevantes sobre o assunto. A descoberta poderá amenizar a situação de pessoas como Diane no futuro. "É um divisor de águas nesse sentido. Não há estudos anteriores que avaliam cientificamente se os campos eletromagnéticos no ambiente podem produzir sintomas nos humanos", diz. Os cientistas conduziram uma série de testes em uma médica de 35 anos, diagnosticada com hipersensibilidade eletromagnética.
A médica ficou sentada em uma cadeira de madeira, exposta a ondas eletrogmanéticas e a momentos com nenhuma interferência. Ela relatou relatou dores de cabeça e espasmos musculares durante as exposições à frequencia magnética, mas não sentiu nada quando não houve exposição.
'Ignorância tecnológica'
Segundo o professor Bob Park, da Universidade de Maryland, a radiação emitida por wi-fi é simplesmente muito fraca para causar qualquer mudança no organismo que possa causar doenças.
"O maior problema que enfrentamos é que em nossa sociedade, impulsionada pelas mudanças tecnológicas, as pessoas têm muito pouca educação", diz ele. "Há muitas coisas que as pessoas precisam aprender e elas não estão aprendendo. A única coisa que vai matá-los é a ignorância."
Não é o que pensa Nichols Fox. Também moradora da zona livre de ondas de rádio, ela diz entender o ceticismo, dizendo que levou anos para reconhecer que sofria de hipersensibildiade eletromagnética. Ela conta que seus sintomas são tão graves que se isolou quase totalmente, vivendo em uma casa remota rodeada por campos e florestas.
Para evitar qualquer problema, sua geladeira funciona com gás, a luz vem de lâmpadas de querosene e o fogão a lenha aquece a casa.
"É tão importante que as pessoas entendam que esta é uma deficiência muito séria, é uma deficiência que provoca uma mudança de vida. Isso leva a uma morte mais rápida. Eu não tenho absolutamente nenhuma dúvida sobre isso e eu acho que é apenas lamentável que não seja reconhecido", diz.
Fonte: BBC Brasil
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