Cenas gravadas na Aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto/Jarina, entre os dias 28 de outubro e 4 de novembro de 2009. Nesse período, os ministros do Meio Ambiente e Minas e Energia foram convidados a ir ao Xingu para discutir os impactos da obra de construção da usina de Belo Monte na região. Se concretizado, Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo e vai causar impacto mais de 9 milhões de hectares de floresta, uma área equivalente a duas vezes a cidade do Rio.
Xingu e a vingança Mapuche
Quando os Mapuches conseguiram pôr as mãos em Pedro Valdívia, o levaram para uma de suas aldeias. Primeiro cortaram suas orelhas e seu nariz, para que se recordasse de todos os narizes e orelhas que cortara dos Mapuches e despachara em cestos rio abaixo para exibir sua crueldade.
Em seguida, num ritual solene, acenderam uma fogueira e o assaram brandamente, retirando e comendo pequenas lascas de carne assada do conquistador Espanhol.
Finalmente, derreteram um pote de ouro e despejaram garganta abaixo de Valdívia, para saciá-lo da sede de ouro que possuía, motivo fundamental de suas chacinas sobre os Mapuches.
Esse é, em outras palavras, o relato que nos faz a escritora chilena Isabel Allende, em seu livro “Inés de Minha Alma”, onde relata a conquista do território chileno por Pedro Valdívia. Os Mapuches mataram Valdívia, com vingança cruel e requintada, mas perderam a guerra. Hoje há um punhado de Mapuches que resiste em território chileno.
Uma Bíblia foi o pretexto para Cortés massacrar os Astecas. O ouro foi motivo para Pizarro dizimar os Incas, para Valdívia arrasar os Mapuches. Em nome das terras, da fé e do ouro os portugueses dizimaram os índios brasileiros. Sobraram alguns, poucos, como na região do Xingu. Quando eles pensavam que iriam ter paz, uma hidroelétrica, um presidente, uma candidata a presidente, as corporações nacionais e transnacionais, em nome do progresso, do desenvolvimento, da segurança energética – mas, poderia ser da Bíblia, do ouro, ou qualquer outro pretexto – vão dizimar o que lhes restou de espaço na sua turbulenta história.
São as leis da história e do progresso, não é mesmo? Afinal, como disse um jornalista da TV, “ou se devolve o Brasil aos índios, ou se pensa nos outros 195 milhões de brasileiros”.
O capital tem seus deuses e sua voracidade. E eles pedem sacrifícios contínuos dos povos, nesse caso os indígenas, em qualquer época da história. Quando se perde o sentido do humano, sempre há um argumento para justificar a crueldade, seja contra a natureza, seja contra a pessoa humana.
Em seguida, num ritual solene, acenderam uma fogueira e o assaram brandamente, retirando e comendo pequenas lascas de carne assada do conquistador Espanhol.
Finalmente, derreteram um pote de ouro e despejaram garganta abaixo de Valdívia, para saciá-lo da sede de ouro que possuía, motivo fundamental de suas chacinas sobre os Mapuches.
Esse é, em outras palavras, o relato que nos faz a escritora chilena Isabel Allende, em seu livro “Inés de Minha Alma”, onde relata a conquista do território chileno por Pedro Valdívia. Os Mapuches mataram Valdívia, com vingança cruel e requintada, mas perderam a guerra. Hoje há um punhado de Mapuches que resiste em território chileno.
Uma Bíblia foi o pretexto para Cortés massacrar os Astecas. O ouro foi motivo para Pizarro dizimar os Incas, para Valdívia arrasar os Mapuches. Em nome das terras, da fé e do ouro os portugueses dizimaram os índios brasileiros. Sobraram alguns, poucos, como na região do Xingu. Quando eles pensavam que iriam ter paz, uma hidroelétrica, um presidente, uma candidata a presidente, as corporações nacionais e transnacionais, em nome do progresso, do desenvolvimento, da segurança energética – mas, poderia ser da Bíblia, do ouro, ou qualquer outro pretexto – vão dizimar o que lhes restou de espaço na sua turbulenta história.
São as leis da história e do progresso, não é mesmo? Afinal, como disse um jornalista da TV, “ou se devolve o Brasil aos índios, ou se pensa nos outros 195 milhões de brasileiros”.
O capital tem seus deuses e sua voracidade. E eles pedem sacrifícios contínuos dos povos, nesse caso os indígenas, em qualquer época da história. Quando se perde o sentido do humano, sempre há um argumento para justificar a crueldade, seja contra a natureza, seja contra a pessoa humana.
Roberto Malvezzi (Gogó), articulista do Ecodebate, é Assessor da Comissão Pastoral da Terra – CPT.
Contexto original:
http://www.ecodebate.com.br/ 2010/04/22/xingu-e-a-vinganca- mapuche-artigo-de-roberto- malvezzi-gogo/
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