Seca e Fome: povo Kiriri em estado de emergência na Bahia
A nação Kiriri vem por meio deste representante, Manoel Cristovam Batista, cacique do povo Kiriri, decretar Estado de Emergência devido a situação caótica que vem acontecendo em nosso território e região do semiárido Nordeste II, motivo esse que nos leva a situação de calamidade aos povos Kiriri e Tuxá, no município de Banzaê, Kaimbé Massacará do município de Euclides da Cunha e Toca do Cru município de Quijingue.
Nos últimos três anos (2010, 2011 e 2012) sofrendo com longas estiagens, e nos período de plantio de feijão e milho não tiveram safra, motivo esse que se agravou nos decorrentes meses afetando também a safra da castanha. Por tanto, a situação em 2013 chega ao estado de emergência precária; lagoas secas, tanques, barreiros, barragens, cisternas e açudes da região secaram, até as nascentes naturais (que chamamos de minadores) também estão secando.
A preocupação dos povos indígenas vendo tudo se acabando por falta de alimentações e escassez de chuvas, as criações de animais morrendo de forme e sede, jovens sendo obrigado a sair de suas aldeias deixando suas famílias, seus costumes e tradições em busca de oportunidades em outras regiões do pais. Os programas que foram implantados pelo governo Federal e Estadual, não estão sendo suficientes para atender todas essas demandas causadas pela seca.
Sabemos que o governo Federal e governo Estadual investiram R$ 15 milhões de reais em perfurações de poços artesianos de alta vazão na região, entre eles alguns foram perfurados no município de Banzaê e que essas vazões de água não vieram a contemplar aos povos indígenas dessa região. Se o governo tivesse investido pelo menos parte dessa vazão para irrigação da agricultura familiar nas terras indígenas, talvez não estivesse nessa situação. Somos uma população de 5.200 (cinco mil e duzentos) indígenas em situação critica na região.
O povo Kiriri reunido no dia 07 e 08 de janeiro de 2013 na aldeia canta galo pautaram o seguinte assunto: perfuração de poços artesianos de alta vazão para irrigação da agricultura família e consumo na agropecuária coletiva e individual. A irrigação é um dos mecanismos fundamentais ao desenvolvimento sustentável que é uma atividade praticada pelos povos indígenas.
Diante das situações que se encontra, somos obrigados a pedir soluções imediatas para resolver os problemas causados pela seca: Em quanto a chuva não chega a nossa região e as perfurações dos poços artesianos não acontece, para amenizar o sofrimento de nossos índios e dos animais.
Pedimos urgentemente cestas básicas para as famílias indígenas.
Ao Sr. Coordenador Geral
Adenilton de Oliveira Santos
MUPOIBA
Atenciosamente,
Povo Kiriri Canta Galo
Representado por Manoel Cristovam Batista - Cacique
ANEXA RELAÇÃO DE GÊNEROS ALIMENTICIOS NECESSÁRIOS PARA APOIO AS FAMÍLIAS ATINGIDAS PELA SECA E FOME:
ITEM/PRODUTO QUANT PREÇO DE CUSTO VALOR TOTAL
- 1 Farinha 11.440 R$ 4,20 R$ 48.048,00
- 2 Feijão 17.160 R$ 3,70 R$ 63.492,00
- 3 Óleo 5.148 R$ 3,95 R$ 20.334,60
- 4 Macarrão 8.580 R$ 1,20 R$ 10.296,00
- 5 Açúcar 8.580 R$ 2,00 R$ 17.160,00
- 6 Floco 8.580 R$ 0,80 R$ 6.864,00
- 7 Leite 8.580 R$ 2,50 R$ 21.450,00
- 8 Charque 2.860 R$ 8,00 R$ 22.880,00
- 9 Arroz 17.160 R$ 2,70 R$ 46.332,00
- 10 Biscoito 16.016 R$ 2,80 R$ 44.844,80
Total 104.104 R$ 31,85 R$ 301.701,40
• http://barcadasletras.blogspot.com.br/2013/01/comunicado-de-emergencia-do-povo-kiriri.html
• http://racismoambiental.net.br/2013/01/ba-comunicado-de-emergencia-do-povo-kiriri-canta-galo/
• http://indiosnonordeste.com.br/2013/01/28/comunicado-de-emergencia-do-povo-kiriri-canta-galo/
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail
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