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domingo, 14 de novembro de 2010

Farol de Santa Marta - um paraíso ameaçado - parte 3

Pescadores em alto-mar: ligação de 100 anos de vida

Farol de Santa Marta - um paraíso ameaçado - parte 3
O Farol de Santa Marta, localizado segundo algumas referências na esquina do Atlântico Sul, além de todas as belezas naturais existentes e sua mágica que encanta aos olhos daqueles que se surpreendem pelas formações rochosas e pelas dunas imensas que cobrem este lugar, também tem elementos nativos que despontam por sua história e raiz “umbilicalmente” ligadas ao ambiente costeiro, que deu origem a vila dos pescadores e agora é um dos “points” agitados da costa catarinense 100 anos depois.
Pesca na comunidade é sustento de famílias tradicionais
No Farol de Santa Marta, existem líderes natos que afloraram para a defesa ambiental após adquirirem cultura e sabedoria para elevar sua consciência e perceber o “que estavam fazendo ao paraíso”. 
A localidade do Farol em sua história recente teve muitas lutas travadas, para impedir a continuidade de agressões ambientais e que viessem a ocorrer no futuro, quando vários ambientalistas contribuíram neste tempo para salvar o paraíso.
Segundo José Truda, ambientalista de grande quilate no meio ativista nacional por sua luta contra a caça as baleias, definiu em poucas palavras o sentimento pelo local. “Se existe alguma relva ainda no Farol de Santa Marta, é graças a Rasgamar e ao João Batista que lá atuam”. 
Ambientalista “porreta” que muito incomoda os “safados” que agridem o meio ambiente, as baleias e a costa marítima brasileira, vê pouco a pouco a invasão de suas belezas naturais por grandes resorts espalhados desde o Pará até as praias do litoral sul do RS. Truda inspira aqueles que “não levam desaforo para casa” e agressão ao meio ambiente sem a pronta intervenção de um ativista, é como ser ofendido para o resto da vida.
João Batista, 42 anos, casado, pai de um menina de 6 anos, diz temer pelo futuro de crianças como a sua, por que está sendo difícil contrapor o modelo “predatório” que está em vigor no momento.
Casa de pescador resiste junto as pedras dos costões do Farol
Desde que se viu ambientalista na defesa da terra do Farol de Santa Marta, o ativista da ONG Rasgamar colecionou poucos inimigos, muitos amigos e vitórias em defesa da causa da conservação do lugar, algo normal na vida daqueles que militam de forma ativa e sem medos na defesa da razão, que dizem ser nossa condição no reino animália, o da racionalidade.
Desde cedo neste no lugar, sentiu que este seria seu chão para sua vida, e quando teve que optar na mesa do jantar junto a seus pais entre ser um pescador, com barco novo dado pelo pai, ou estudar como asseverou sua mãe, decidiu pela segunda opção, e foi a cidade para se formar, retornando como administrador e uma prancha de surf como instrumento de curtição que até hoje mantém em sua vida.
Lixo deixado pelos "visitantes" das rochas no morro do Farol
Já com cultura suficiente para entender o mundo, João se viu na obrigação de iniciar a defesa do lugar, primeiro extirpando um lixão que estava poluindo o aqüífero da região e depois contra ocupações irregulares, pela proteção das dunas e sambaquis, mais a organização da comunidade na defesa de sua economia sendo atacada por barcos de pesca de outras regiões.
Para João Batista, hoje se existe mais respeito pelo ambiente local é por que as pessoas passaram a ver o local com outro sentido.
Vista da Comunidade do Farol de Santa Marta
O progresso que se avizinha, para muitos trará uma sorte incontável de males que poderão ampliar em muitas vezes a problemática ambiental e social do lugar.
Temem muitos os moradores tradicionais que as drogas e crimes comecem a ocorrer e com isso a harmonia da comunidade vir a sofrer impactos.
Única via de acesso ao Farol de Santa Marta
Uma das ações alternativas encontradas pelas entidades da comunidade foi a parceria estabelecida com a Polícia Militar de Santa Catarina para a criação do Núcleo de Polícia Comunitária do Farol de Santa Marta, quando cerca de uma dezena de pessoas se aliam a força policial para ajudar na manutenção da ordem, principalmente no período noturno em épocas de alta temporada.
Tais iniciativas, segundo João começaram a surgir quando a comunidade começou a perceber a necessidade de prevenir situações que podem colocar em risco o sossego e as belezas naturais.
Chegada da estrada trará benefícios e malefícios também alegam moradores
A chegada do asfalto para os comerciantes poderá ampliar muito o lucro nas caixas registradoras, mas também ampliará a demanda no balcão do posto policial ou de saúde, alguns já perceberam.
Esta situação, que se reveste da falta de educação de públicos que visitam e “extrapolam” suas liberdades, são seguidos de outros como o lixo jogado nas ruas, esgotos sem tratamento prévio, destruição de dunas com registros fósseis pelos “trilheiros” e motoqueiros em geral.
A ação ativista desta ONG, pautada na esfera da ação direta no âmbito da Justiça Federal, está também sendo levada a escola, para que as centenas de crianças que estudam no Farol, possam ser seguidores de um modelo que venha de encontro a necessidade de conservação e cuidados com a cultura, o ambiente e a história local.
(artigo de ontem) >>> (continua amanhã)

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