A blogueira Cubana e a desfaçatez da ‘esquerdopatia’ nacional
A presença de Yoani Sánchez no Brasil, e em visita a outros países, causou uma revolta contra a mulher que ousou escrever e falar dos direitos humanos em Cuba, ou da falta de direitos humanos na ilha que sofre um brutal embargo econômico imposto pelos EUA e países aliados.
Penso que tal campanha entabulada pelos ‘esquerdistas’ brasileiros contra a mulher que acusam ser espiã da CIA à serviço dos Estados Unidos da América, não teria tanto efeito se parassem para verificar do que mais ela reclama em seu país. E o que em nosso país não se reclama?
Por exemplo: Ela reclama do sistema público de Saúde de Cuba? Não, pois vejamos, Cuba é um dos países com os melhores médicos, medicina, formação e onde há melhor sistema que atende 100% da população de graça. Será que ela reclama das crianças nas ruas daquele país? Não, segundo consta em relatórios da ONU, a ilha de Fidel Castro é um dos poucos lugares do mundo onde as crianças não dormem nas ruas, não esmolam nas sinaleiras, não catam alimentos nos lixos.
Então deve ser as condições da educação, com escolas e professores sendo vilipendiados em sua condição e dignidade de lecionar, ensinar e de instruir gerações que se perdem por falta de condições de continuar os estudos, tendo que trabalhar para sustentar suas famílias?
Não, também não é motivo de revolta, pois a educação em Cuba é uma das melhores do mundo, onde não há crianças fora da escola ou em trabalho escravo em minas, carvoarias, plantações, catação em lixões e nas ruas, submetidos a trabalho degradante e que lhes rouba o presente como criança e seu futuro como cidadão.
Será então a fome e a miséria que incomoda esta moça que estaria à serviço da CIA? Não, Cuba tem uma agricultura que consegue manter o básico de alimentação e capaz de sustentar seus habitantes, onde não há desnutrição ou insegurança alimentar, mesmo que não recebam do exterior por força do embargo, outros produtos para fazerem parte da cesta básica Cubana. Lá em Cuba não querem acabar com a miséria por força de Decretos, Programas e Leis, pois lá a miséria não existe. Nem existe a seca nordestina que está acabando com os rebanhos de gado, com as lavouras, com a vida do homem e dos animais sob-risco de negação do direito humano a alimentação e água. Em nosso país com direito humano assegurado não há preocupação com isso, e a transposição do rio São Francisco é algo que vergonhosamente esqueceram e apenas usaram para manter o povo na miséria.
Então deve ser uma revolta contra o sistema político e governamental que cria e mantém a corrupção e a ascensão de criminosos de colarinho branco aos postos de comando da ilha? Também não, pois lá se existe corrupção, ela é tão escondida e ninguém até hoje apresentou alguma notícia deste tipo de crime, que atinge em países como o Brasil, classes como os professores públicos, motoristas, operários, alunos, pacientes, médicos, enfermeiros, crianças, gestantes, presos, cidadãos comuns e também não comuns, que acabam pagando por este crime, algo como R$ 80 bilhões anuais desviados por ‘mal feitores’ que acabam sendo brindados com apoios de amigos e jantares de arrecadação de fundos para pagar a ‘prenda’ que os Tribunais de Justiça acabam concedendo aos amigos do Rei. Cadeia nem pensar!!
Será que Yoani Sánchez reclama das 100 mil mortes anuais por crimes de homicídio na ilha, será que são os 40 mil motoristas que anualmente morrem nas estradas cubanas, ou os 100 mil habitantes que morrem no sistema de saúde por falta de atendimento ou atendimento precário nos hospitais de Cuba? Não, pois estes números são do Brasil e lá em Cuba os melhores médicos estão sendo formados, inclusive atendendo na medicina comunitária, que leva a saúde preventiva aos moradores de lá, antes que a doença se instale e tenham que procurar os postos e hospitais.
Aqui no Brasil, no norte, nordeste, centro-oeste, existem cidades convidando profissionais de ortopedia para pagarem salários de R$ 35 mil reais e mesmo assim, não encontram pretendentes, ninguém se habilita a atender em rincões do país.
Os sindicatos médicos alegam que mesmo que os médicos tenham grandes salários, se não forem investidos recursos em infraestrutura e condições de trabalho, estes profissionais estariam trabalhando como se estivessem em Gaza, outra ilha cercada pelos inimigos e sofrendo atrocidades numa guerra injusta e cruel.
No Brasil inauguram hospital com show de artistas de renome, pagam R$ 650 mil reais de cachê e a marquise do prédio desaba um mês de concluída a obra, mas com o local ainda sem uso, esperando a próxima eleição para ser aberto ao povo.
Falarmos em investimentos de recursos públicos para atender as demandas do futebol e a Copa do Mundo 2014 e verificar o que está sendo investido em construções de escolas, creches, centros de tecnologia e formação, ficariam as pessoas envergonhadas nesta hora de sermos tão livres, com tantos direitos humanos assegurados aqui, com tantas leis que privilegiam o cidadão e lhe dá tanta dignidade de dizer sou um brasileiro, e não um Cubano, um Malinês, um Indiano. Se bem que lá na Índia, o modelo da Bolsa-Família está sendo estudado pelos políticos para ser implantado no país das castas, mesmo as eleições sendo livres e não obrigatório votar.
Então o que incomoda os da ‘esquerda’ nacional contra esta blogueira? Será que sua luta, ou encenação midiática contra o regime dos Castro na Ilha Cubana, não é algo para se pensar? Num pais onde a liberdade de expressão é protegida pela Constituição, onde as liberdades e garantias individuais e coletivas estão asseguradas em diversos artigos da Carta Magna Brasileira, o que faríamos caso nos fosse negada pelas instituições públicas e governos um bom atendimento, seja na saúde, na educação, nas estradas, na habitação, na cultura, no esporte, na assistência social, na alimentação? Nada foi, é ou será feito.
Será que iríamos publicar em 15 línguas os fatos e situações vividas aqui no Brasil livre, com direitos humanos assegurados, liberdade de expressão em cada esquina, com uma televisão em cada lar para informar e ‘deformar’ o telespectador? Haveria toda esta revolta ‘esquerdopata’ contra um Brasileiro que ousasse reclamar em todo o mundo sobre a falta de acesso aos direitos, ou a negação destes direitos no país do futebol, do samba e da “abundância” nas praias, avenidas do samba?
Não sei, mas a ilha de Fidel em muito se assemelha a ilha criada por forças políticas comerciais que fizeram da nação brasileira o “seu negócio” e nossos recursos naturais os “seus recursos” para poderem explorar e vender a preço de banana nossos minérios como a bauxita, o ouro, o ferro, a prata, a água; agora “seus minérios”.
Como o Nióbio (Nb41), que interessa tanto os países imperialistas, colonialistas, escravagistas, totalitários e sanguinários que se abastecem de nosso minério para fazerem mísseis, foguetes, aviões, armas, robôs, e outros tantos usos militares, tecnológicos, industriais e comerciais destes regimes ditatoriais e nações ricas que mantém muitos ditadores no poder.
Será que algum dia, poderemos dizer que os direitos humanos nestes países, que são sufocados pelos ditadores, totalitaristas, aiatolás, criminosos de guerra e outros tipos de governantes irá mudar? Haverá revolta mundial contra o crime contra o povo da Somália na África, roubada pelas nações ricas da América, Europa, Ásia e Oceania?
Será que no Brasil não está ocorrendo uma vergonhosa “desfaçatez” capaz de continuar iludindo o povo e deixando que seu único grito seja o de “Goooollllll” e não o de “Basta”?? Alguém se atreve a escrever e falar sobre a realidade do Brasil? Será que o medo é de Yoani querer asilo aqui no Brasil, e o poder do 'establishment' político ter que negar e mandar ela de volta a Cuba?
O futuro dirá qual tipo de ditadura vivemos e não percebemos, mesmo que esteja nas nossas fuças os fatos, as evidências, a realidade, as provas; a midiática fórmula de mudar o pensamento do povo, sufocar nossa indignação é algo que está sendo gestado e aplicado faz é tempo e os resultados disso nós já conhecemos.
Por Julio Wandam
Ambientalista
Fonte: REDE Os Verdes/via Facebook
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