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domingo, 27 de novembro de 2011

Fernando Brito: ‘Omissão criminosa da Chevron-Texaco, cumplicidade escandalosa da mídia’

 
Fernando Brito: ‘Omissão criminosa da Chevron-Texaco, cumplicidade escandalosa da mídia’ 
Por Conceição Lemes
No dia 10 de novembro, a Agência Estado publicou esta nota:
“A unidade brasileira da petroleira norte-americana Chevron-Texaco informou que está trabalhando para conter um vazamento no campo Frade, na Bacia de Campos. “O vazamento se deve a uma rachadura no solo do oceano. É um fenômeno natural”, disse Heloisa Marcondes, porta-voz da Chevron-Texaco Brasil.
O campo de Frade, operado pela petroleira estadunidense Chevron-Texaco, fica a 350 km do Rio de Janeiro. O acidente, sabe-se só agora,  aconteceu na segunda-feira, 7 de novembro. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) tomou conhecimento no dia 9, mas só o tornou público no dia 10. O primeiro alerta público foi dado pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro) ainda na quarta-feira, 9.
Nos dias 11, 12, 13, 14 e 15, a mídia se limitou a reproduzir as notas oficiais da Chevron-Texaco e da Agência Nacional de Petróleo (ANP). E, ainda assim, em matérias pequenas, em pé de página, escondidas. Nenhuma cobrança maior. Aliás, nenhum grande veículo se empenhou para saber o tamanho e a causa do vazamento.
O jornalista Fernando Brito, do blog Tijolaço, do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ), não engoliu a versão da empresa e desde o dia 11 começou, solitariamente, a questioná-la. De lá até hoje foram 21 artigos, denunciando o desastre ambiental, o comportamento da mídia e as mentiras da Chevron-Texaco.
“Desde o princípio, achei algumas coisas estranhas, a começar pelo fato de que não houve um tratamento escandaloso do assunto pela mídia, como certamente haveria se o campo em questão fosse operado pela Petrobras”, ironiza Fernando Brito.  “Ah, se fosse a Petrobras, já no dia 11, até os peixes do oceano estariam dando declarações contra a empresa.”
“Além disso, a Chevron-Texaco demorou a admitir o problema e, quando o fez, foi por uma nota marota, dizendo que se tinha detectado o vazamento ‘entre o campo de Frade e o de Roncador – que é operado pela Petrobras”, prossegue Brito. “Na verdade, o problema se deu bem próximo de uma de suas plataformas de perfuração, a Sedco706, da Transocean, a mesma proprietária da Deepwater Horizon, que provocou o acidente no Golfo do México.”
No dia 15, a Polícia Federal entrou no caso e a expectativa era de que a mídia não varreria mais para debaixo do tapete o óleo derramado. Realmente, não deu mais para a grande imprensa ignorar. Porém, não foi a fundo nas circunstâncias que o causaram, apesar de ter todas as condições e facilidades para fazê-lo.
A Sedco 706, plataforma de perfuração da mesma empresa do acidente do Golfo, nas proximidades da qual ocorreu o acidente da Chevron
O Tijolaço “furou” toda a imprensa. Foi quem primeiro duvidou da história contada pela Chevron-Texaco de que o derramamento de petróleo no mar era “fenômeno natural” e se devia a uma falha geológica. Foi também quem, com base nos cálculos feitos pelo  geógrafo John Amos, do site SkyTruth, especializado em interpretação de foto de satélites com fins ambientais, alertou que o vazamento de petróleo no campo de Frade era muito maior do que a Chevron-Texaco afirmava. Foi ainda quem, ainda no dia 11 de novembro, levantou possibilidade de a empresa pretender fazer uma prospecção na camada do pré-sal , pelo fato de haver um pedido de perfuração até 5.200 metros, quando as ocorrências de petróleo em Frade se situam na faixa dos 2,5 mil metros abaixo do leito marinho.
Por isso, o Tijolaço começou a pedir que se apreendessem os diários de perfuração e os relatórios de cimentação, que mostram os locais e  a qualidade da vedação que se faz pelo lado externo da coluna de tubos do poço.
Assista os vídeos do JN sobre o assunto e o corte na matéria:
"Por sorte, a gente estava gravando o JN com uma câmera manual, e postamos os dois vídeos. O “decepado” e o trecho que eliminado do original.
Edição cortada na internet
E o trecho que foi eliminado do original veiculado pelo JN na TV
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