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domingo, 27 de novembro de 2011

População de Guajira se organiza para combater projeto mineiro em funcionamento há 35 anos

População de Guajira se organiza para combater projeto mineiro em funcionamento há 35 anos
Por Natasha Pitts
Jornalista da Adital
 
Além dos graves problemas ocasionados pelo conflito armado interno na Colômbia, o país ainda sofre com a exploração mineira, atividade que afeta comunidades indígenas e afrodescendentes inteiras roubando qualidade de vida e afetando o meio ambiente, a saúde, o território e a cultura. Cansados de enfrentar esta situação de exploração há 35 anos, povos e comunidades de La Guajira se reuniram nos últimos dias 18 a 20, no município de Barrancas, para analisar os impactos dos megaprojetos mineiros e cobrar mudanças antes que La Guajira desapareça. 
Durante os três dias de encontro, reunidos no Resguardo Indígena Wayuu provincial, comunidades Wayuu, afrodescendentes e campesinos de La Guajira debateram os problemas causados pelo projeto mineiro Cerrejón, uma das maiores minas a céu aberto do mundo. A Cerrejón produz, por ano, 32 milhões de toneladas de carvão e representa 55% do Produto Interno Bruto (PIB) de Guajira. 
Em seus 35 anos de funcionamento, a mina retirou a tranquilidade da população local, fez sumir os animais, modificou a paisagem, contaminou a água, o ar e o solo com poeira de carvão; prejudicou a pesca e a agricultura, gerou poluição visual e auditiva, provocou mortes relacionadas a infecções respiratórias, ignorou leis de consulta prévia aos povos indígenas, despejou famílias e mentiu ao assegurar benefícios para a região em nome do progresso e do desenvolvimento. 
Hoje, 70% da população de Guajira vive na pobreza e 30% na extrema pobreza, isso à custa do enriquecimento da empresa Cerrejón que, em seu site, se denomina como uma empresa responsável. Enquanto falta espaço para a população plantar e criar animais, o projeto mineiro ocupa mais de 69 mil hectares de terra. 
Apesar deste quadro já desolador, a região está prestes a sofrer mais um golpe: o desvio do rio Ranchería mais de 26 quilômetros de seu leito natural. O projeto não leva em conta o fato de municípios, resguardos indígenas e comunidades inteiras dependerem da água deste rio e correrem o risco de sofrer desabastecimento. 
A população de Guajira não está parada e já se manifestou duas vezes (9 de agosto e 6 de setembro) contra o desvio do leito do rio e a continuidade do projeto mineiro Cerrejón. "Somos conscientes dos direitos que conquistamos, os quais devem ser respeitados tanto pelo Estado colombiano como pelas empresas e os estados de origem destas, em tal sentido nos opomos a que, de maneira arbitrária, se siga adiante com estes projetos e se simule e engane as comunidades em reuniões que se pretendem fazer passar como de consulta prévia”, afirmam em Pronunciamento. 
Para combater esta situação, durante a reunião em Barrancas, as comunidades Wayuu, os afrodescendentes e os campesinos/as de La Guajira listaram exigências que precisam ser cumpridas com urgência pelo Estado colombiano, pelas empresas Cerrejón, MPX, Pacific Rubiales e por outras que pretendam se instalar na região. 
O Estado deve garantir os direitos dos povos a usufruir de seus territórios coletivos, invalidar falsas consultas prévias, respeitar o modo de realização das consultas escolhido pelos povos, não outorgar licenças até que consultas autônomas sejam realizadas nas comunidades, ordenar o fim das práticas de perseguição promovida pelas empresas e tomar medidas urgentes para garantir, promover e recuperar a alimentação nas comunidades por meio de atividades produtivas. 
Às empresas cabe a suspensão das atividades de exploração mineira em La Guajira, a não realização de falsas consultas prévias, a não utilização do povo para fazer propaganda própria, informar sobre os efeitos negativos causados pelas empresas e, especificamente para Cerrejón, que repare os danos causados por 35 anos de exploração na região. 
Fonte: Adital

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