Poster do filme Lixo Extraordinário ©
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Quem são as pessoas que vivem de recolher materiais no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário do mundo, no Rio de Janeiro? Como chegaram a essa ocupação e a esse local, que não aparece nos roteiros turísticos? Quais são seus sonhos e expectativas? Como se pode ajudá-los a ter uma melhor qualidade de vida?
São perguntas suscitadas pelo filme Lixo Extraordinário (Waste Land), documentário sobre o projeto do artista brasileiro Vik Muniz que pretende auxiliar os catadores do Jardim Gramacho por meio da arte.
O Jardim Gramacho está bem longe das paisagens paradisíacas do Rio, de costas para o famoso Cristo Redentor, mas também é um pequeno mundo encerrado em si mesmo. Um mundo que gira em torno dos resíduos.
Seguindo o trajeto do projeto de Muniz, que se propôs a retratar uma série de catadores e depois recriar estas fotografias com materiais recuperados para leiloá-las, o documentário apresenta aos espectadores a vida dos chamados “catadores”, e suas histórias e reflexões sobre o que chamamos de "lixo".
Retrato de 'Magna'. ©Vik Muniz
Mas o documentário – produzido por Fernando Meirelles e com música de Moby – não é apenas um olhar passivo, mas uma iniciativa para ajudar a mudar esta realidade: entre o leilão das fotos de retratos “desenhados” com materiais descartados e os numerosos prêmios que o filme recebeu em festivais, gerou-se uma renda de 250 mil dólares que foi inteiramente doada a projetos de apoio aos coletores.
Algumas das ações viabilizadas por estes recursos, segundo o site oficial do filme (em inglês), foram: a construção de novas casas para os catadores, melhoria da infraestrutura e instalação de uma biblioteca com computadores para a Associação dos Catadores do Aterro do Jardim Gramacho, a compra de um novo caminhão e a construção de um centro de educação para os novos catadores, entre outros.
Além disso, o filme promoveu a formação de um movimento para a criação de um sistema de reciclagem na cidade do Rio de Janeiro e a contratação dos catadores como consultores, com o apoio da Fundação Coca Cola.
Trailer do filme
Depois de estrear no ano passado no Festival de Sundance e ser indicado ao Oscar de Melhor Documentário, esta semana Lixo Extraordinário estreou em diversos países e será exibido em breve em festivais no México e na Colômbia, entre outros (a lista completa de projeções pode ser conferida no site.
Assistir a este filme é importante para entender melhor o que acontece com o que jogamos fora e com aqueles que desempenham um papel tão importante para a sociedade, mas que muitas vezes são ignorados pelas autoridades.
Ajudar a iniciativa também é importante: ainda faltam recursos para a compra de mais caminhões, a construção de um galpão para a classificação dos resíduos, e para a contratação de educadores para capacitar os catadores, que precisam fazer a transição para postos de trabalho mais qualificados em fábricas de reciclagem quando o aterro for fechado, em 2012.
Saiba mais sobre o filme no site oficial em português e leia o artigo que a diretora Lucy Walker escreveu para o jornal britânico The Observer, em inglês.
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