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quinta-feira, 1 de março de 2012

Marinha admite risco de vazar óleo de embarcação

 Marinha admite risco de vazar 
óleo de embarcação 
Acidente na Antártida foi mantido em sigilo desde dezembro pelo governo brasileiro; o navio está a 40 metros de profundidade
Por Sergio Torres
O planejamento da Marinha e da Petrobrás para recuperar a chata (embarcação usada para transporte de carga) com 10 mil litros de óleo combustível que naufragou em dezembro na costa da Antártida prevê a possibilidade de o poluente vazar, o que afetaria espécies animais e colocaria o Brasil na condição de infrator de um tratado de conservação ambiental do continente.

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Como o Estado revelou no sábado, uma chata rebocada pela Marinha para a Estação Antártica Comandante Ferraz - a mesma base científica e militar brasileira na Ilha Rei George que ficou destruída após um incêndio na madrugada de ontem - foi a pique na Baía do Almirantado, a 900 metros da praia. Ela levava um carregamento de gasoil artic, combustível anticongelante feito pela Petrobrás para operar geradores em temperaturas muito baixas.
Até o incêndio de sábado, viviam no local 30 cientistas brasileiros (como biólogos, biofísicos, geólogos), 15 militares - dois deles morreram no incêndio - e 15 funcionários civis que cuidavam da manutenção. Vistoria realizada por robô submarino no casco da embarcação, pousada no leito oceânico a 40 metros de profundidade, constatou que não houve rompimentos estruturais nem vazamentos do óleo acondicionado em um compartimento duplamente revestido da chata. Mas a chance de uma ruptura durante o processo de recuperação do flutuante e do carregamento é considerada pelos especialistas que organizam o plano de resgate. Os 10 mil litros do combustível equivalem a cerca de 62 barris de petróleo.
Em nota divulgada na sexta-feira, o Centro de Comunicação Social da Marinha admite a hipótese de o óleo vir a vazar durante o içamento por boias e um guindaste. "Durante a reflutuação serão empregados todos os recursos necessários para a contenção de poluição ambiental no caso de vazamento do óleo contido na chata", informa o comunicado, que não revela quais procedimentos serão adotados para evitar que o combustível se espalhe pelo mar e atinja a costa.
Preocupação
No caso de a população animal e o ecossistema antártico virem a ser contaminados pelo poluente nacional, o Brasil terá de se explicar aos países que firmaram com ele, em 1998, o Protocolo de Madri, tratado de preservação ambiental da Antártida. Essa preocupação é manifestada pela Marinha na nota de sexta-feira.
"A responsabilidade do Brasil em honrar os compromissos definidos no Protocolo ao Tratado Antártico sobre a Proteção do Meio Ambiente, pelo qual os países-membros devem tomar as medidas necessárias para reagir a situações que possam ameaçar o meio ambiente antártico, e com o intuito de mostrar aos demais membros do tratado o nosso compromisso de bem zelar por aquele continente, a Marinha do Brasil solicitou o apoio da Petrobrás para, em conjunto, realizar a operação de reflutuação da chata", diz o comunicado.
A Petrobrás, que assinou um termo de compromisso com a Marinha, não quis informar a estrutura que usará para a operação de resgate, que deve ocorrer até 10 de março, conforme as condições climáticas do período. As consequências do incêndio na base brasileira também podem atrapalhar a operação de resgate da chata.
Os ministérios que integram o Programa Antártico Brasileiro - de Ciência e Tecnologia, Defesa, Meio Ambiente, Relações Exteriores e Minas e Energia - também não se manifestaram.
Fonte: Estadão

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