Giselda Escosteguy Castro foi uma das pioneiras do movimento feminista e, posteriormente, do ambientalismo no RS e no Brasil - Foto: Marcos Eifler/Agência ALRS
Militante ambientalista, Giselda Castro
deixa um exemplo de cidadania
Por Geraldo Hasse
Especial para o Sul21
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A morte de Giselda Escosteguy Castro aos 89 anos no verão mais quente de Porto Alegre nos últimos 50 anos anuncia a partida da mais brava das militantes gaúchas que, oriundas de um movimento político conservador criado em março de 1964, adotaram bandeiras do feminismo e por fim se tornaram as vozes mais ativas do movimento ambientalista, ao lado de Augusto Carneiro e José Lutzenberger (1926-2002), fundadores da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), criada em 1971.
Caravana durante evento internacional em Washington foi auge da militância ambiental de Giselda Castro
Foto: Arquivo do Núcleo Amigos da Terra / Reprodução
“O Lutzenberger usou essas militantes como escudo para ganhar espaço na imprensa e na sociedade – ele era um estranho no ninho”, diz o jornalista Elmar Bones, que editou em 2002 o livro Pioneiros da Ecologia – Pequena História do Movimento Ambiental no Rio Grande do Sul. Claro que havia a recíproca: as mulheres se aproveitaram da garra e da lucidez de Lutz para ampliar o alcance de suas lutas, originalmente restritas a causas como o aleitamento materno, o uso da pílula anticoncepcional, a luta contra o machismo e a favor dos direitos civis em geral.
Por serem mais ou menos ricas, Giselda e suas mais constantes companheiras Magda Renner e Hilda Zimmermann chegaram a ser tratadas como “as madames das Três Figueiras”, bairro da elite econômica de Porto Alegre. Mas sua dedicação a causas comunitárias extrapolou as fronteiras da alienação característica dos anos do “milagre econômico” (1968/1973). Sua militância adquiriu conotação de contestação às práticas do capitalismo dito selvagem, já que a maioria dos empresários no Brasil e no mundo se comprazia na patrolagem do meio ambiente, não respeitando encostas, banhados, mangues nem áreas de marinha no litoral e em cursos d’água.
Giselda Castro foi responsável pela consolidação do Núcleo Amigos da Terra no Brasil
Foto: Arquivo do Núcleo Amigos da Terra / Reprodução
Num momento em que poucas mulheres mais jovens se engajaram na luta armada contra a ditadura, elas usaram as palavras como armas. E segundo diversos depoimentos Giselda era a mais indignada, aquela que encabeçava as iniciativas, numa mistura impressionante de destemor, discernimento e pragmatismo. “Antes burgueses conscientes do que uma elite irresponsável ou uma classe média indiferente à cidadania”, diz Celso Marques, ex-presidente da AGAPAN. Para ele, Giselda, Magda e Hilda foram “exemplos de cidadania”.
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Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail
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