Disputa pelas Malvinas é mais do que questão patriótica
No fim de semana os residentes irão decidir se o arquipélago continua nas mãos do Reino Unido. A Argentina desdenha o referendo, mas teme pelo resultado e sua influência sobre instâncias internacionais.
Neste domingo e segunda-feira (10-11/03) os habitantes das Ilhas Malvinas irão decidir em votação direta se desejam ou não continuar fazendo parte do Reino Unido. Isso poderá significar o fim do conflito em torno do arquipélago do Atlântico Sul.
A Argentina é um país normalmente cheio de divisões políticas internas, mas o assunto das Malvinas – ou Falklands como são chamadas no Reino Unido – une o país: as ilhas eram e são argentinas e assim devem permanecer, é a opinião unânime.
Trauma argentino
Para contestar a validade do voto popular, juristas internacionais do país afirmam que os "keplers" – como se autodenominam os residentes do arquipélago – não teriam poder de autodeterminação uma vez que não constituem um povo propriamente dito, mas sim uma representação do poder colonial.
Questão de soberania
O arquipélago das Malvinas, a 400 km da costa argentina, está sob possessão inglesa desde 1833. Há 30 anos a Argentina e o Reino Unido se enfrentaram numa curta porém intensa guerra pela posse das ilhas. A derrota argentina acabou por selar o fim da ditadura militar no país.
Nos anos seguintes, os desentendimentos continuaram e vieram a se acentuar durante o governo da presidente Cristina Kirchner.
Sempre que pode, ela traz o tema de volta à pauta, preferencialmente na ONU, que em 1965 já convocara em resolução ambas as partes, para que procurassem um acordo bilateral.
Kirchner publicou cartas abertas a Londres, em jornais ingleses, reclamando a soberania argentina nas ilhas, e já reiterou seu convite ao Reino Unido para a realização de um diálogo sobre a soberania das Malvinas. "Acreditamos que a diplomacia é o único caminho para defender a paz. Queremos a soberania, mas a queremos com paz".
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