Presidenta se reúne com governantes e movimento para discutir reivindicações de manifestantes
Por Tatiana Félix
Após se pronunciar em cadeia nacional na noite da última sexta-feira (21), sobre os protestos que têm mobilizado o Brasil, a presidenta da República, Dilma Rousseff, se reúne nesta segunda-feira (24) com governadores e prefeitos das capitais, e representantes do Movimento Passe Livre (MPL), para discutir as pautas das reivindicações populares que chamaram a atenção de todo o país e do mundo nas últimas semanas.
O aumento de tarifas de transportes públicos em várias cidades do Brasil foi a "gota d’água” para levar brasileiros e brasileiras às ruas para protestar. Somando-se à insatisfação com o serviço de transporte público, muitos aproveitaram para fortalecer os questionamentos sobre os altos investimentos com reformas de estádios e obras de preparação para a Copa das Confederações (2013) e Copa do Mundo (2014), enquanto a população carece de melhorias em serviços básicos como saúde, educação e segurança. O combate à corrupção e o pedido por reforma política também são motivos de manifestações.
Em virtude disso, e depois de vários protestos cada vez maiores que terminam em confrontos com a polícia, Dilma Rousseff veio a público para dizer que "está ouvindo a voz da população” e que tomará medidas junto com governantes locais. A expectativa para as reuniões desta segunda é que sejam firmados pactos para melhorias em serviços públicos. De acordo com seu pronunciamento na sexta-feira, a ideia é elaborar um Plano Nacional de Mobilidade Urbana, destinar 100% dos recursos do petróleo para a educação e ampliar o número de médicos no Sistema Único de Saúde (SUS), além de criar mais vagas nos cursos de medicina.
Os primeiros a falarem com a presidenta são os/as integrantes do MPL, às 14h. Em seguida, às 16, é a vez de governadores e prefeitos. Os prefeitos tiveram um encontro antes, pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), para elaborarem algumas propostas de melhoria nos transportes públicos, entre elas a redução nos tributos e a construção de mais corredores exclusivos para ônibus.
Em carta aberta à presidenta, o MPL afirmou que seus integrantes ficaram surpresos com o convite para a reunião, já que "os movimentos sociais no Brasil sempre sofreram com a repressão e a criminalização”, mas reconhece que a oportunidade foi "arrancada pela força das ruas, que avançou sobre bombas, balas e prisões”.
Na carta, o movimento reforçou a defesa pela tarifa zero: "o transporte só pode ser público de verdade se for acessível a todas e todos, ou seja, entendido como um direito universal”. Também afirmou que gostaria de saber qual é o "posicionamento da presidenta sobre a tarifa zero no transporte público e sobre a PEC 90/11, que inclui o transporte no rol dos direitos sociais do artigo 6º da Constituição Federal”.
"Esperamos que essa reunião marque uma mudança de postura do governo federal que se estenda às outras lutas sociais: aos povos indígenas, que, a exemplo dos Kaiowá-Guarani e dos Munduruku, tem sofrido diversos ataques por parte de latifundiários e do poder público; às comunidades atingidas por remoções; aos sem-teto; aos sem-terra e às mães que tiveram os filhos assassinados pela polícia nas periferias. Que a mesma postura se estenda também a todas as cidades que lutam contra o aumento de tarifas e por outro modelo de transporte: São José dos Campos, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Goiânia, entre muitas outras”, finalizam.
Fonte: Adital/via e-mail
Nenhum comentário:
Postar um comentário