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domingo, 6 de dezembro de 2009

Consumo de remédios contra déficit de atenção aumenta 1.616%

Consumo de remédios contra déficit de atenção aumenta 1.616%
Agitação, impulsividade e distração podem ser apenas características de crianças mais inquietas, e não sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Estima-se que de 3% a 6% das crianças entre 6 e 13 anos de idade sofram do distúrbio, mas especialistas alertam para o risco de diagnóstico errado.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos (Idum), o consumo de comprimidos para controlar o TDAH cresceu 1.616% de 2004 a 2008. A Anvisa indica, para o mesmo período, aumento de 71% no número de caixas comercializadas.
Para o presidente do Idum, Antônio Barbosa, é necessário alertar a população sobre possíveis exageros. "Os números mostram que o medicamento está sendo receitado sem critério. Não precisa dopar uma criança para ela se concentrar nos estudos. É preciso ter cuidado", observa o farmacêutico.
Um das dificuldades para o diagnóstico preciso é que o TDAH é diagnosticado clinicamente. Não existem exames que comprovem a doença, por isso é necessário que o médico faça uma avaliação minuciosa do histórico familiar da criança e até da vida escolar.
Coordenador de Neuro-Psiquiatria Infanto-juvenil da Santa Casa de Misericórdia, Fábio Barbirato admite exageros, mas alerta que apesar do aumento da venda de medicamentos que controlam o transtorno, somente 1,6% das crianças que sofrem de TDAH têm acesso ao tratamento. "A venda de remédios aumentou porque existem mais profissionais aptos a identificar a doença. Mas a alta também é explicada pelo erro do diagnóstico. Não é porque a criança está desobediente que ela tem o distúrbio", alerta.
Segundo o especialista, 91% dos brasileiros desconhecem o TDAH. "Muitas crianças sofrem da doença, mas não tem acesso ao tratamento". A atriz Silvia Pfeifer vive o drama na vida real. A filha, Emanuella Pfeifer, 24 anos, sofre de TDAH. Antes de ter o diagnóstico, Emanuella chegou a trocar de escola cinco vezes, e passou por pelo menos três psicólogos e quatro pedagogos.
Segundo a presidente da Associação Brasileira de Déficit de Atenção, Iane Kestelman, na maioria dos casos, o TDAH está associado a outras doenças, como dislexia, depressão e bipolaridade. "A família precisa buscar informações sérias, até para questionar a validade do diagnóstico, que nem sempre é feito corretamente", aconselha a psicóloga.
Fonte: O Dia

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