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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tiririca será eleito em São Paulo

Tiririca será eleito em São Paulo 
Charge do Correio Brasiliense 
Por Márcio Metzker, jornalista pós-graduado em marketing político 
Tiririca, para nós mineiros, é aquela erva daninha que mal nasce e já dá sementes, entranhando-se na terra e matando as culturas. É também o nome de um palhaço que tornou-se conhecido pelas telas da TV. Sem ter a habilidade do Carequinha, nem a esperteza de Renato Aragão, Tiririca conseguiu comover platéias com um personagem inocente que sempre faz papel de vítima. 
Pois esse palhaço está a caminho de tornar-se um fenômeno eleitoral em São Paulo, devido a uma destacada aparição nos programas eleitorais gratuitos - nos quais confessa que nada sabe sobre a função de um deputado federal - e um slogan jocoso que caiu no gosto do eleitor brasileiro pelo deboche: “Vote Tiririca. Pior do que está não fica”. 
A propaganda é uma bem elaborada obra de marketing político, e apela diretamente para três aspectos enraizados como tiriricas na alma de boa parte do eleitorado brasileiro: o voto de protesto, o desinteresse pelo Parlamento e o analfabetismo político, embora todos conheçam o belo texto de Bertolt Brecht que alerta contra esse tipo de analfabeto.
No início da ditadura militar, quando os partidos tradicionais foram extintos e criados a Arena e o MDB, houve uma eleição em que o voto de protesto foi canalizado para o Cacareco, o rinoceronte do Zoológico do Rio. Era um protesto contra a falta de liberdade política. Hoje, com a urna eletrônica, não é mais possível anular o voto escrevendo um palavrão na cédula. Mas em São Paulo é possível digitar o número de Tiririca, o que na prática equivale a anular o voto. 

Um certo percentual de votos de deboche não deve preocupar a cidadania. Sempre haverá algumas centenas de milhares de eleitores dispostos a perder seu tempo para ir às urnas com o intuito de desmoralizar a eleição e eleger palhaços. O que não se pode é institucionalizar o deboche e generalizar a irresponsabilidade política. Mesmo quem escolhe um bom candidato, ficha-limpa, trabalhador, honrado e capaz, acaba abandonando-o no Congresso ou na Assembleia, e dois anos depois nem se lembra em quem votou. 
A democracia representativa está em decadência. Ao mesmo tempo em que a democracia brasileira vai alcançando a maturidade, crescem as oportunidades para o eleitor exercer a democracia participativa, hoje com as facilidades eletrônicas que podem evitar aquelas reuniões intermináveis com os representantes políticos. Há inúmeros deputados que adotam o mandato coletivo e consultam permanentemente suas bases, pelas redes sociais eletrônicas, como o email e o Twitter. 
O rumo que se aponta para o futuro é a democracia direta, realizando, por meios eletrônicos, a utopia idealizada por Sócrates na Grécia Antiga. Cada cidadão terá a oportunidade de decidir, a partir do seu próprio computador em casa, os temas plebiscitários e acompanhar a execução do Orçamento Público, que é o dinheiro que sai do bolso de cada um de nós para os cofres do Governo. 
Até lá, enquanto a democracia não atinge seu patamar ideal, o eleitor brasileiro continua votando em sorrisos bonitos fabricados no Photoshop, jogadores de futebol em fim de carreira, vizinhos que lhe dão tapinhas nas costas, empresários corruptos e corruptores, pastores evangélicos com o dom de transformar seu pacato rebanho em obediente eleitorado. E por que não? Em palhaços da televisão. 
O Congresso deveria ser uma casa respeitável de pessoas bem preparadas para defender o interesse público e as aspirações coletivas. Mas é o microcosmo de toda a sociedade brasileira. Eleitores conscientes elegem candidatos honestos e capazes. Mas os malandros elegem malandros, ladrões elegem ladrões, criminosos ambientais elegem devastadores, e palhaços elegem palhaços. Ninguém tem do que reclamar.
Comentário do Jornal dos Amigos
Em comentário anterior sobre o mesmo assunto informei que Tiririca teria 500 mil votos. Pois a estimativa hoje é de um milhão de votos. Ainda bem que sua candidatura poderá ser cassada devido às declarações que o candidato deu a Veja sobre os seus bens...
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail

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