Estudantes marcham em Brasília em defesa dos Guarani Kaiowá
Índios, estudantes e simpatizantes da causa fazem manifestação na Esplanada dos Ministérios
Com rostos pintados, estudantes de escolas e universidades de Brasília se reuniram com representantes de movimentos sociais e indígenas de vários Estados, como São Paulo e Mato Grosso, para manifestar o apoio aos guarani kaiowá que lutam há décadas para conseguir a posse da terra em que vivem em Mato Grosso do Sul.
Aluna de uma escola pública, Bianca Gomes de Souza, 16 anos, explicou o motivo da presença dos estudantes no manifesto: "Esta semana, assistimos a um filme sobre a luta dos guarani. Não sabíamos. Decidimos vir para ajudar no protesto. Queremos que a terra seja dada aos índios já que a terra é deles", disse.
Bisneta de um índio da etnia Guarani Kaiowá do Rio Grande do Sul, a nutricionista Denise Camargo da Silva disse que só soube dos episódios em Mato Grosso do Sul pela rede social Facebook. Denise criticou a falta de informações sobre o que ocorre nas regiões onde vivem índios no País.
"Trabalhei em um projeto pela UnB (Universidade de Brasília) e visitei algumas etnias em vários lugares do País. Independentemente do local, eles índios sofrem, são segregados, discriminados e violentados. E a língua deles poucas pessoas falam. Até isso estamos perdendo e são nossos ancestrais", criticou a nutricionista.
O manifesto também contou com o apoio de representantes de outros grupos indígenas. É o caso de Manuel Claudionor, índio da etnia Mutina, de Mato Grosso. Ele é estudante e disse que soube do protesto pelas redes sociais. "Vim pelo que acontece na terra dos guarani, que estão perdendo a terra, muitos estão sendo assassinados ou estão se matando pela perda de seu espaço, da sua cultura. Somos índios e temos convicção de que todos temos os mesmos direitos. Somos os primeiros habitantes do Brasil", disse.
Com uma história semelhante de luta pela terra, Rafael Wedero'o'wa Werére é da reserva Xavante na região de Barra do Garça, em Mato Grosso, reforçou a importância do apoio entre os povos. Ele lembrou que, quando ainda era adolescente, seus pais foram retirados de uma área ocupada por fazendeiros.
"Tivemos problemas parecidos na nossa terra. Agora estamos retomando esta terra. O STF Supremo Tribunal Federal deu decisão favorável para a retirada dos não índios. Temos que apoiar os outros que estão na mesma situação", disse. Para o xavante, o apoio de outras etnias pode ajudar na luta pela demarcação do território Guarani Kaiowá.
"Os guarani estão sofrendo muito e alguns consideram que eles estão invadindo fazendas, sendo que a terra é deles. Tem que demarcar para que eles possam viver lá e sejam respeitados como povo", defendeu.
O ato que marcou a primeira manifestação pública a favor do povo Guarani Kaiowá nas ruas da capital federal, desde que os conflitos entre índios e fazendeiros foram retomados, começou a ser organizado por um grupo de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). "Começamos a divulgar nas redes sociais e rapidamente tivemos a adesão de centenas de pessoas que começaram a mudar seus nomes no perfil do Facebook acrescentando o nome da etnia Guarani Kaiowá aos sobrenomes e confirmaram a presença na passeata. Essas pessoas divulgaram várias informações sobre a realidade desse povo", explicou Luiza Oliveira, estudante da UnB.
Fonte: Estadão
Fonte: Estadão
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