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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

11 de setembro - Dia do Cerrado

Imagens: UNB/Recor/Ecodebate/Reapi
11 DE SETEMBRO DIA DO CERRADO:
SEM MOTIVOS PARA COMEMORAR
Em 11 de setembro não há muito que comemorar. Estudos recentes apontaram que o bioma Cerrado está perdendo sua área de forma tão rápida que, já em 2030, estaremos com remanescente de cobertura vegetal nativa similar ao da Mata Atlântica, ou seja, com menos de 10% da cobertura vegetal original. Essa redução da área total de Cerrado deve-se a urbanização e a expansão da fronteira agrícola, principalmente, para produção de grãos. Como conseqüência, diversas espécies da fauna e flora silvestres desaparecerão; muitas nascentes e áreas alagadas serão suprimidas e assoreadas, reduzindo a disponibilidade de água para os diversos usos; parte dos solos será erodida e desertificado; haverá alteração no clima regional; os demais biomas brasileiros interligados ao Cerrado sofrerão impactos negativos por terem nele estabelecidas as nascentes de parte de suas redes de drenagem natural.
O Cerrado abrange área superior aos 2 milhões de quilômetros quadrados e se estende de forma contínua pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Maranhão, Rondônia e Distrito Federal, ou seja, está distribuída, principalmente, no Planalto Central Brasileiro. Abriga 10 mil espécies de plantas, nas suas diferentes fisionomias vegetais: Matas de Galeria, Matas Ciliares, Matas Mesofíticas, Cerradão, Veredas, Cerrados Típicos Densos e Ralos, Campos Cerrado, Rupestre, Limpo e Sujo. Sua vegetação típica é caracterizada pela presença de árvores tortuosas, de pequeno porte, cascas espessas e folhas grossas, adaptadas à deficiência de água e à ocorrência de incêndios periódicos. É reconhecido como a savana mais rica do planeta em biodiversidade, apresentando mais de 4.400 endêmicas (exclusivas). Sua fauna apresenta 837 espécies de aves; 195 de mamíferos, abrangendo 161 espécies e dezenove endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas; 120 espécies de répteis, das quais 45 endêmicas. Apenas no Distrito Federal, há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de abelhas e vespas. Ainda, apresenta-se como elemento de importância estratégica, pois nele nasce a maioria dos grandes rios que abastecem as bacias hidrográficas Paraná/Prata, Amazonas/Tocantins e São Francisco.
Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da década de 1960, com a interiorização da capital e a abertura de uma nova rede rodoviária, os ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura extensiva, como soja, arroz e trigo. Tais mudanças se apoiaram na implantação de infra-estruturas viárias e energéticas, bem como na descoberta de novas vocações desses solos regionais, permitindo atividades agrárias, em detrimento de uma biodiversidade até então pouco alterada.
Durante as décadas de 70 e 80 houve o deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos, queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou na modificação de 67% das áreas de Cerrado, apresentando voçorocas, assoreamento e envenenamento de ecossistemas. Restam apenas 20% de área preservada.
A partir da década de 1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem como conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração de produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo de desenvolvimento sustentável e justo.
Nas últimas décadas a expansão das atividades agrícolas tem provocado degradação ambiental no ecossistema, atingindo bacias hidrográficas, exploradas até à exaustão para irrigação de grandes plantações. O uso indiscriminado de agrotóxicos é ameaça ao solo e às águas. Atualmente cerca de 70% do Cerrado são utilizados para agropecuária principalmente para o cultivo de soja. No caso de regiões onde ocorreu desmatamento, para permitir a expansão da agricultura, a recuperação exige a intervenção humana, ou seja, o replantio de espécies nativas do cerrado. Para recuperar totalmente essas áreas a estimativa é de 50 a 100 anos.
Para preservar e proteger os remanescentes de Cerrado, o Poder Público tem criado Unidades de Conservação, como: o Parque Nacional das Emas (131.832 ha), o Parque Nacional Grande Sertão Veredas (84.000 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (33.000 ha), o Parque Nacional da Serra da Canastra (71.525 ha), o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (60.000 ha) e o Parque Nacional de Brasília (28.000 ha). Contudo, essas áreas ainda totalizam um percentual pequeno desse bioma, tornando-se necessária a criação de outras unidades e a ampliação das existentes, bem como a manutenção de corredores ecológicos entre essas unidades e entre o Cerrado e os demais biomas brasileiros. Esse é um dos motivos pelos quais apresentei o PLC nº 062/2003, que institui o Sistema Distrital de Unidades de Conservação.
Eliana Pedrosa
Deputada Distrital

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