Vereadora chega ao local da Usina de Triagem para atender chamado de Cooperados
As Injustiças dos Lixos de Tapes
Desde muito tempo, uma cidade e sua população durante quase três décadas agrediu a natureza de um local de paisagem única, quando injustamente colocou o meio ambiente e seus recursos em risco pela omissão e pela negligência governamental vigente 30 anos, permitindo uma série de injustiças ambientais, sociais e econômicas ocorressem, sob o manto de uma legalidade questionável até a raiz do problema.
A relação imposta sob Convênio, passando do gerador (povo) ao responsável legal pelos lixos públicos (prefeitura), para as mãos de gente humilde, analfabeta e que foi iludida como tantas outras ilusões que os políticos locais fizeram para o povo em geral da cidade, remete a forma grotesca de relação de trabalho com gente humilde, que só tem ‘deveres’, o ‘direito’ é outro assunto.
Mas agora, mais uma injustiça no rol de outras tantas cometidas contra estes cidadãos carroceiros e recicladores, que fazem de nossos resíduos sua forma de ganhar a vida.
“Lixos da cidade desde sábado estão sendo levados diretamente para o lixão da Camélia. Segundo os cooperados, a prefeitura estaria construindo um “novo funil”, prometido cerca de 1 ano atrás para o MP local”
Vejam que, desde os inícios das atividades desta 'Cooperativa', alertávamos as autoridades da falta de capacidade técnica, operacional, logística e financeira para que a "cooperativa" operasse um convênio da qual assumiu diversas responsabilidades quanto aos lixos depositados pela população nas ruas da cidade.
Caminhões da Prefeitura levam todo o lixo, fonte de renda dos cooperados
Desde o lixo doméstico até os entulhos da cidade, o compromisso desta Entidade conveniada, tem sido cumprido em condições ineficientes e colocando em risco a saúde urbana e dos próprios cooperados, e pelo serviço os carroceiros recebem da própria prefeitura mensalmente cerca de um salário mínimo.
Lixos domésticos e até podas de jardins misturados na Carroça
Os restantes dos cooperados (os segregadores do lixo) recebem os resíduos "como pagamento" pelo serviço de tratamento (segregação dos resíduos), sem o apoio prometido no primeiro contrato, pois o segundo contrato, até hoje a administração da cooperativa não teve acesso a cópia para seus arquivos e posteriores usos, apesar de solicitarem diversas vezes.
O que não se entende é o sentido de ‘cooperados (?)’, pois se uma fonte paga apenas um grupo e o outro “que se vire”, onde está a ‘cooperação mútua’ entre os trabalhadores deste modelo ‘tapense’ de cooperativa?
Transbordo diretamente para caminhões da Prefeitura, sem a devida segregação
Ficando a dúvida de valores repassados para os carroceiros, acabaram gerando até desconfiança entre ‘os sócios’ cooperados, que gostariam também de receber um valor fixo no final do mês para trabalhar para a Prefeitura, alguns alegam, e outros afirmam que os repasses de recursos acabaram e não cumpridas cláusulas do Convênio firmado.
Além de receberem o lixo da cidade 'no colo', operaram 'nas coxas' um sistema que não funciona e que depreciou o material logístico, as carroças, com os lixos misturados, o chorume corroí a madeira e os ferros. Acabou corroendo também a relação ‘profícua’ estabelecida em 2008, com assinatura de Convênio, com a inauguração da Usina, pompa e circunstância, com visita de Ministro de Estado e tudo mais. Uma visita dos fiscais do Ministério do Trabalho hoje cairia bem, mas que não seja como as feitas pela FEPAM, que os visita regularmente e “está sempre tudo bem”.
Caminhões abertos levam lixos para o Lixão da Camélia
A licença ambiental, que é válida até abril 2011, foi objeto de denúncia no MP local, de que estaria sendo usada para outra finalidade, visto não ser o local uma Central de Triagem de Resíduos Sólidos Recicláveis na origem e sim um local de transbordo das carroças para a segregação. Após a ‘triagem manual’, conforme os trabalhadores, estes retiram até 75% do volume em matéria prima reciclável, levando os 25% de rejeitos e orgânicos para o lixão da Camélia.
O Lixão de Tapes, local este já denunciado por operar cerca de 4 anos sem licença ambiental do órgão ambiental do Estado, mas com afirmações oficiais da Prefeitura para os Vereadores de Tapes de que o MP ‘teria dado anuência’; O que o órgão ministerial do Estado na Comarca nega veementemente.
Crianças no Lixão da Camélia em 05 de junho de 2010 – Dia do Meio Ambiente no Planeta
Por fim, o que se demonstra na realidade, é que tanto a natureza, como os carroceiros, quanto os recicladores estão sendo explorados além da conta. Quando deveriam, por lógica, realizar um trabalho conjunto do órgão público junto com os “conveniados” para limpar a cidade, ocorre o contrário, e no caso ‘em sendo contratada’ a Cooperativa para ser a responsável pelos lixos da cidade, deve existir a ‘responsabilidade solidária’ da Prefeitura (Convenente), que deveria, por lógica também, operar um sistema de educação para a reciclagem eficaz na cidade e nas escolas, promover a adequação do sistema de coleta seletiva e pública, capaz de gerar mudança de comportamento dos que produzem seus lixos diariamente, além de prover os custos para envio dos lixos (rejeitos - cerca de 25%, segundo os catadores) para um aterro licenciado e operando sem poluir o ambiente.
Por Júlio Wandam
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