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terça-feira, 26 de abril de 2011

Traduzindo: Nossa, que desperdício! Por Marcus Vinicius Vieira de Almeida

Uma verdadeira "macaquice" é o que o colega comunista Aldo está fazendo
 Traduzindo: Nossa, que desperdício!
Na vésperas do feriado de páscoa nenhum assunto do meio político, no Rio Grande do Sul, chamou tanto a atenção quanto a aprovação, do Projeto 156/2009, do deputado estadual Raul Carrion (PCdoB), que obriga a tradução de expressões ou palavras estrangeiras para a língua portuguesa, sempre que houver no idioma uma palavra ou expressão equivalente. O parlamentar gaúcho definiu como “macaquice” a adoção de meios adventícios, afirmando nada agregarem à cultura brasileira.
Pois bem, historicamente, o Rio Grande do Sul, orgulha-se de sua peculiar cultura, que mescla costumes europeus com hábitos indígenas e africanos. A cultura gaúcha esta alicerçada sob hábitos simples, como a alimentação, indumentária e a fala. Dizia, José Hernández, já em 1872, em sua principal obra, Martin Fierro, “Monté y me encomendé a Dios, rumbiando para otro pago, que el gaucho que llaman vago no puede tener querencia, y ansí de estrago en estrago vive llorando la ausência”
. O gaúcho jamais deixará levar-se por imposição externa, pois por natureza desbrava caminhos que para muitos são incertos.
O deputado, comunista, certamente estava muito mais preocupado em evitar a adoção de palavras, que ideologicamente considera “capitalistas”, do vocabulário nacional, do que se tornar atração acadêmica ao encarnar o espírito de “Policarpo Quaresma” em pleno século 21.
Com a sanção desta lei, como serão publicados os artigos jurídicos que adotam termos em Latin, consideradas basilares? Como serão tratados os conceitos comerciais tão comuns nas agências bancárias? Num estado onde os costumes e valores talham cultura e identidade próprias estaríamos impedidos de falar e escrever como há mais de 200 anos se faz?
Tchê, guapo, bagual, no más, bueno, espraiado e tantas outras palavras e expressões, deixarão de fazer parte de nosso cotidiano? Certamente não!
O que se viu, neste feriado, é mais uma demonstração da fragilidade de nossas estruturas de poder, e a total falta de prioridades na proposição de demandas por alguns legisladores.
Cada deputado custa por mês aos cofres públicos cerca de R$ 45.000,00, ou seja, para que os 55 parlamentares possam desempenhar suas atividades no mínimo R$ R$ 2.475.000,00 de impostos dos contribuintes são necessários todos os meses. Durante o mês de abril de 2011, ocorreram apenas 07 sessões na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, ou seja, para que este projeto, ideologicamente contestável, inconstitucional e sem qualquer aplicabilidade lógica fosse aprovado, no ultimo dia 19, o povo gaúcho desembolsou R$ 353.571,43. 
Mas bah tchê, que barbaridade!
Traduzindo: Nossa, que desperdício!

Marcus Vinícius Vieira de Almeida 
Prefeito de Sentinela do Sul e Presidente da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail

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