Entrevista especial com Celso Schröder*
A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) inaugura uma nova fase na comunicação brasileira. Sua realização quebra o silêncio da mídia a seu próprio respeito e faz com que ela reflita sobre suas práticas. Para isso, a sociedade, representada pelos movimentos sociais, juntamente ao governo e empresas de telecomunicações, debateram, de 14 a 17 de dezembro, formas de democratizar o processo de comunicação brasileiro. “Conseguimos romper uma lógica que estava instalada principalmente a partir do sistema de comunicação do setor privado, de que falar sobre comunicação, de alguma maneira, era expô-la a críticas e debates não desejados”, explica o jornalista Celso Schröder, na entrevista exclusiva que concedeu, por telefone, à IHU On-Line.
A segunda conquista da Confecom, aponta, é a aprovação por unanimidade para criar um Conselho Nacional de Comunicação. Não se trata de censura, assegura Schröder: “O que não podemos admitir é o que ocorre agora, quando a liberdade de expressão é tutelada por uma empresa, por um setor, por uma visão de mundo. Isso sim é autoritário e antidemocrático, porque inclusive a concessão pública, que é uma concessão do espectro eletromagnético, não pode ser apropriada por uma parte apenas, seja ela de direita ou de esquerda”.
Ele acentua a participação destacada dos movimentos sociais na organização do evento, e deplora o silêncio da mídia a seu respeito, além da cobertura tendenciosa de grandes veículos, que taxaram o encontro de Brasília como “um grande levante” que tencionava construir uma “rede autoritária de censura no país”.
Em sua opinião, “pior do que as manipulações ilegítimas que a mídia faz em outras áreas que não a sua, é o silêncio que ela faz a respeito daquilo que deveria noticiar. Não falar absolutamente nada sobre a Conferência é pior do que detratá-la”.
(*)Coordenador executivo do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Celso Schröder é vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). É cartunista, ilustrador e chargista desde 1974. Leciona no curso de Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (FAMECOS-PUCRS), onde se graduou, em 1983.
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