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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

No Brasil, 285 mil índios são miseráveis

No Brasil, 285 mil índios são miseráveis

Por Cássio Bruno

Dos 750 mil índios brasileiros, cerca de 285 mil (38%) vivem em situação de extrema pobreza. Os dados fazem parte do primeiro relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação dos povos indígenas, apresentado ontem, no Rio. Segundo o documento, dos 370 milhões de índios (cerca de 5% da população) existentes no mundo, 300 milhões estão na mesma situação.

São índios um terço dos 900 milhões de miseráveis do planeta.

No Brasil, foram usados dados do Censo de 2000. De acordo com a ONU, a expectativa de vida da população indígena chega a ser 20 anos inferior à média de alguns países, como Nepal e Austrália. Os motivos, aponta o estudo, são a pobreza e a falta de acesso à saúde e educação.

Povos indígenas enfrentam sério risco de extinção.

— No Brasil, a situação mais grave é em Mato Grosso do Sul por causa dos conflitos de demarcação das terras. É o estado mais violento — revelou Marcos Terena, articulador dos direitos dos índios no Comitê Intertribal — Memória e Ciência indígena (ITC).

Na América Latina, as taxas de pobreza dos índios são superiores às do restante da sociedade: no Paraguai, ela é 7,9 vezes maior; no Panamá 5,9 vezes maior; no México 3,3 vezes maior; e na Guatemala 2,8 vezes maior. A ONU cita que, entre 2000 e 2005, a taxa de suicídios entre índios guaranis foi 19 vezes maior que a média brasileira.

O estudo aponta também que a mortalidade infantil é 70% superior em comunidades indígenas de países latino-americanos.

— O Brasil tem avançado. O problema é transformar as leis em políticas públicas concretas.

As políticas públicas, hoje, são muito atrasadas — disse Giancarlo Summa, diretor do Centro de Informações das Nações Unidas para o Brasil (Unic-Rio).

Em Brasília, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, disse que o relatório foi elaborado com a cooperação do governo brasileiro e que muitos dos pontos preocupantes fazem parte do diagnóstico do governo sobre a situação indígena no país.

— No Mato Grosso do Sul, a situação é muito delicada e o quadro é de violência contra os guaranis — disse. — Mas há avanços, como a homologação de uma terra guarani em dezembro e a criação de duas coordenações regionais no estado.

Meira disse que muitos indicadores já estão melhorando, como o de mortalidade infantil: — Estima-se que o Censo do IBGE deste ano revele uma população de mais de um milhão de índios, comparada com os 730 mil medidos em 2000. O crescimento entre os índios é cinco vezes maior que na população geral. Estamos em um período de queda da mortalidade e aumento da população.

Fonte: Manchetes Socioambientais / Jornal O Globo

Em Rede: Portal do Meio Ambiente

(imagem: Índios pedem direito de se organizar politicamente no país. Possíveis deputados Indígenas podem proteger e fazer o que o "Cara-Pálida" não fez por seus povos.)

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