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quinta-feira, 21 de junho de 2012

Entrevista: ‘Falta coragem para bater na mesa pelos oceanos’

Foto: Divers for Sharks
Entrevista: ‘Falta coragem para bater na mesa pelos oceanos’ 
Por Paulina Chamorro
A inclusão no rascunho zero do tema ‘Oceanos’, que vinha sendo comemorado por vários segmentos da sociedade, acabou ficando (assim como  outros temas), sem metas e com protocolares frases de intenções. 
A presidente Dilma Roussef se referiu ao tema em seu discurso na abertura da Confêrencia das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável: 
“Os oceanos requerem crescente atenção. A população de diversos países dependem de seus resursos. Devemos cuidar da biodiversidade marinha em alto –mar, dos estoques pesqueiros e dos impactos do clima sobre os oceanos.” 
Mas a partir de quando, e como, não foi citado. 
Conversei com José Truda Palazzo Jr., observador na Comissão Baleeira Internacional, que ajudou a criar a APA da Baleia Franca  no  sul do país e hoje está na coordenação da Divers For Sharks, no Brasil. 
De língua afiada, Truda afirma que falta coragem ao governo para “para bater na mesa e exigir que sejam protegidos os oceanos” 
Como você acha que ficou o  tema ‘Oceanos’ no rascunho  zero da Rio+20? 
Como diria o Barão de Itararé, ‘de onde menos se espera, daí é que não sai nada’. Esperar que saia alguma coisa de bom na área ambiental deste desgoverno do Brasil é uma ilusão. Tivemos até uma ilusão que nossa delegação, que possui diplomatas muito competentes, pudesse fazer um trabalho melhor na área de oceanos, mas no final do dia o que conta é não fazer política ambiental neste país e muito menos uma orientação para que a gente se lute pela conservação marinha. 
Nós temos uma ministra do Meio Ambiente que mentiu para sociedade civil que se ampliaria a conservação do Banco dos Abrolhos, que é o nosso maior patrimônio de biodiversidade marinha. Aqui dentro nós  estamos vendo se repetir uma falta de vértebra, uma falta de coragem de nosso governo para bater na mesa e exigir que sejam protegidos os oceanos, que são fundamentais para sobrevivência do planeta. Agora cabe a sociedade civil continuar brigando e denunciar esta bandalha que é a Rio+20, um desperdício de milhões, um desperdício de energia vergonhoso. 
Colocaram ar condicionado para tendas abertas no Riocentro e de cada cinco pessoas, uma é segurança para impedir que sociedade civil possa se manifestar contra este crime que é essa reunião inútil, sem resultados. Cabe a gente continuar lutando. 
Foto: Grande Barreira de Corais na Austrália
No Brasil temos pouquíssimas Unidades de Conservação Marinhas. Porque é difícil seguir exemplos? 
A Austrália anunciou um plano  para deixar protegido um terço  de suas águas juridiscionais, sob alguma forma de Unidade de Conservação. Infelizmente nossos governantes não conseguem entender que países modernos, com economia forte, como é o caso da Austrália, querem e devem ter mais áreas de proteção para sustentar essa economia forte. 
Nós continuamos destruindo nosso capital natural com uma mentalidade de desenvolvimento da União Soviética dos anos 50, tentando acabar com a pobreza acabando com o  país. Isso não vai dar certo. Nós temos que nos espelhar em exemplos como a Australia, deixar de olhar para países falidos e olhar para países do hemisfério sul, como a África do sul e outros que aprenderam a crescer preservando o meio ambiente. 
Fonte: Estadão

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