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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

País freia acordo com Google, diz indígena

 País freia acordo com Google, diz indígena 
Líder de tribo em Caoal, Rondônia, afirma que há dois anos tenta conseguir autorização do governo para empresa mapear a região 
Por Jamil Chade* 
O governo brasileiro freia o acordo de uma tribo da Amazônia com a Google Earth para a divulgação de imagens detalhadas de satélite em seu site sobre o desmatamento da floresta. A acusação é do líder indígena Almir Suruí, que há mais de dois anos fechou o entendimento com a Google para mapear sua terra e, assim, protegê-la do desmate. 
Até hoje, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o governo não deram as autorizações necessárias para que o mapeamento comece a ser feito em detalhes. A tribo de Suruí tem 1,2 mil pessoas, fica no município de Cacoal, Rondônia, e faz parte da Terra Indígena Sete de Setembro. "Vamos continuar trabalhando para mostrar tanto à Funai como ao governo que isso pode ser bom para a população da tribo e para o País", afirmou. 
Dois anos após o estabelecimento do primeiro acordo entre a tribo e a empresa americana, apenas algumas imagens estão no site, em baixa resolução. 
A Google Earth - um serviço de imagens de satélite e mapas via internet - precisa de autorização do governo para usar o material. Acessado diariamente por milhões de pessoas, o serviço vem causando polêmica diante da alegação de governos e cidadãos de que seus serviços violariam a intimidade das pessoas. 
O objetivo da Google Earth é dar mais informações e detalhes sobre as áreas desmatadas e disponibilizar imagens sobre a derrubada da floresta em tempo real. A tecnologia poderia expor à opinião pública internacional a ação, por exemplo, de madeireiros que atuam na região. 
A suspeita é de que o governo brasileiro tema que a Google Earth possa ter acesso a imagens que hoje apenas estão nas mãos do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). 
Processo legítimo
O presidente da Funai, Márcio Meira, informou que o processo aberto por Suruí para mapeamento da terra indígena é legítimo e segue a tramitação normal. Disse também que o trâmite desse tipo de parceria entre comunidade indígena e empresa privada é naturalmente demorada porque envolve questão territorial. 
Os indígenas, segundo Meira, têm autonomia para firmar acordos e convênios e decidir sobre suas áreas, mas a lei impõe anuência prévia da União nesses casos. "Terra indígena é propriedade da União e esse tipo de autorização precisa ser analisado com cautela, para que seja concedida rigorosamente dentro da legalidade." Ele diz que situação terá um desfecho em breve.
*Correspondente de O Estado de S. Paulo

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