Aos 73 anos, morre o
escritor Moacyr Scliar
Por Milton Ribeiro
O escritor gaúcho Moacyr Scliar faleceu à 1h deste domingo, 27 de fevereiro, por falência múltipla de órgãos.
O escritor foi internado no início de janeiro para uma cirurgia de extração de tumores no intestino. Enquanto se recuperava da operação, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no dia 16 de janeiro e foi encaminhado o para a UTI do Hospital das Clínicas de Porto Alegre.
Seu corpo será velado hoje a partir das 14h, no salão Júlio de Castilhos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O sepultamento será na segunda-feira.
Moacyr recebeu três vezes o prêmio Jabuti, em 1988, 1993 e 2009, assim como prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte em 1989 e o Casa de las Americas em 1989.
Uma vida em torno da literatura e da medicina
Filho de José e Sara Scliar, imigrantes oriundos da Bessarábia (Rússia), Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre em 23 de março de 1937. Foi alfabetizado pela mãe, que era professora primária e o incentivou a ler e escrever. Em 1955, passou a cursar a faculdade de Medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde se formou em 1962, ano em que publicou o livro História de um Médico em Formação, o primeiro da extensa bibliografia. São 74 livros abrangendo o romance, a crônica, o conto, a literatura infantil e o ensaio. Ele ainda foi colunista de jornais e teve textos adaptados para o cinema, teatro, tevê e rádio.
Sua obra foi marcada pela aproximação com o imaginário fantástico e com a investigação da tradição judaico-cristã, tendo como temas dominantes a realidade social da classe média urbana no Brasil, a medicina e o judaísmo. Scliar teve livros publicados em diversos países como Alemanha, Israel, Estados Unidos, Rússia, Franças, entre outros. Na carreira médica, ele especializou-se em saúde pública, fez curso de pós-graduação em Israel e tornou-se doutor em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública. Moacyr Scliar casou-se em 1965 com Judith Vivien Olivien, com quem teve um filho, Roberto.
ABL
Em 31 de julho de 2003, Scliar foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a cadeira de nª 31 da Academia Brasileira de Letras (ABL), substituindo a Geraldo França de Lima. O escritor gaúcho tomou posse em 22 de outubro daquele ano, sendo recebido pelo conterrâneo Carlos Nejar.
No discurso de posse na Academia, Scliar disse que oferecia a nomeação aos pais, “emigrantes que lutaram duramente e que me ensinaram a lutar também, e a acreditar. Como um dia acreditou na literatura aquele gurizinho do bairro do Bom Fim que, de algum lugar do tempo, me olha com seus grandes olhos, um olhar de admiração e de espanto à qual junto, neste momento, a gratidão de toda a minha vida”.
Seus principais livros são A guerra no Bom Fim, O exército de um homem só, O centauro no jardim e Os deuses de Raquel.
Fonte: Sul 21
Um comentário:
Amigo, justa homenagem ao Sclyar.
Hoje, postei um poema no meu blog, minha singela homenagem a este grande escritor.
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