Crime continuado e silencioso contra a Biosfera
Por Millos Augusto Stringuini(1)
e José Truda Palazzo Jr(2)
Introdução
O presente artigo é resultado de mais de 30 anos de observação e enquete sobre públicos muito variados, incluindo centenas de alunos de graduação e pósgraduação no Brasil e no exterior, para os quais foi perguntado:
- O que possibilita a existência da vida no planeta?
De forma impressionante, ressalvados somente cinco respostas corretas, os questionados sempre responderam de forma incorreta.
A imensa maioria das pessoas pensa que a existência da vida na Terra é devida à água. Além disso, muitas outras falam do carbono, algumas dizem energia e petróleo e mais um sem número de respostas absurdas, como o dinheiro e economia, as leis, o sexo, etc.
Das cinco pessoas que acertaram a resposta, quatro eram biólogos e um engenheiro agrônomo.
O imenso desconhecimento na sociedade da resposta correta é a prova incontestável do descaso da humanidade com um fenômeno natural que é à base da existência de todos os seres vivos existentes na biosfera.
Além disso, se contam aos milhares as reuniões, conferências mundiais, seminários falando de meio ambiente. Igualmente, tratados, livros, artigos de direito ambiental e um grande volume de pesquisas científicas publicadas anualmente sem que qualquer referência seja realizada ao fenômeno que possibilita a existência da vida no Planeta Terra.
Esse texto tem como objetivo demonstrar que o desconhecimento da existência e dinâmica do fenômeno que possibilita a vida no planeta Terra e a falta de preservação de sua integridade, implicará, dentro de algum tempo, na extinção de milhares de espécies e da humanidade.
A produção de vida
A Terra é um “planeta com vida” porque existe clorofila e fotossíntese. Um planeta pode ter água, carbono, nitrogênio, fósforo e potássio e demais elementos, mas não terá vida se não tiver clorofila e, portanto, fotossíntese.
A fotossíntese é o fenômeno dinâmico gerado pela clorofila em presença da luz solar nos cloroplastos celulares que produz e mantêm a vida no planeta. É fato que algumas comunidades dos fundos abissais marinhos vivem de quimiossíntese, mas qualquer organismo que tenha seu ciclo de vida vinculado às áreas emersas e aos ambientes acima dos 1000m de profundidade, bem como a maioria dos que vivem nos fundos marinhos colhendo a “chuva de organismos” que o mar aporta, têm suas vidas inexoravelmente dependentes da fotossíntese.
Para relembrar aos esquecidos as aulas de biologia no segundo grau, nas quais a imensa maioria dos alunos achava desagradável estudar a fotossíntese, publica-se abaixo a fórmula desse maravilhoso fenômeno que permite a existência de vida nesse planeta, inclusive a humana.
•FOTOSSÍNTESE
6CO2 + 6H2O + luz (energia) C6H12O6 + 6O2
6CO2 + 6H2O + luz (energia) C6H12O6 + 6O2
Durante a noite ocorre o fenômeno inverso:
Liberação de CO2 e consumo de O2.
RESPIRAÇÃO.
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + energia.
Merece total destaque o fato de que a fonte primordial de clorofila e fotossíntese no planeta é o fitoplâncton oceânico e das águas doces. De fato, a maior quantidade de fotossíntese produzida na Terra é realizada pelo fitoplâncton, que é formado por diminutas “plantas marinhas” (principalmente algas verdes, diatomáceas, cianofíceas e dinoflagelados) que estão na base da teia da vida dos mares e, portanto, do planeta.
O fitoplâncton aquático é a “fonte primordial de geração de oxigênio para o planeta”. Se existe uma grande quantidade desse elemento no planeta, disponível para todos os seres vivos e a humanidade respirar, deve-se à existência, principalmente, do fitoplâncton.
Os vegetais clorofilados terrestres contribuem também e são fontes amplificadoras do processo de produção de fotossíntese originado nos mares.
As florestas tropicais, além da função de produção de oxigênio e captação e fixação de gás carbônico – fotossíntese – são reguladoras hidráulicas do ciclo das águas e do clima global em cooperação com os dois pólos frios terrestres (sul e norte).
Por sua vez, o planeta Terra possui um “quantum naturalmente incremental da presença de clorofila e de fotossíntese” (quantum fotossintético) para manter a vida e seu ciclo evolutivo no planeta, gerado pelo fitoplâncton e ampliado pelos vegetais terrestres.
Incremental porque, quanto mais fotossíntese é produzida pelos vegetais clorofilados e, principalmente, pelo fitoplâncton, mais oxigênio será disponibilizado na atmosfera, equilibrando dinamicamente a relação de concentração no ar do Oxigênio e do Gás carbônico. Um ciclo virtuoso de produção de oxigênio e captação e absorção de gás carbônico.
Por outro lado, quanto mais humanos e motores de todos os tipos existirem no planeta maior será a necessidade de fotossíntese, pois ambos consomem oxigênio e produzem gás carbônico. Entretanto, com os processos de poluição das águas oceânicas e doces, do ar e dos solos, associado ao desmatamento, a humanidade promove, constantemente, uma redução crescente (muito provavelmente exponencial) do “quantum fotossintético” do planeta, ou seja, paulatinamente os humanos estão alterando o equilíbrio dinâmico da relação de concentração no ar do Oxigênio e do Gás Carbônico.
DSGE – Bélgica, Perito Internacional.
2, Presidente da rede Costeiro-Marinha e Hídrica, Consultor em Meio Ambiente
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Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail
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