Violência de Bangcoc se espalha por norte tailandês
Após repressão do Exército e 6 mortes, opositores incendeiam 27 prédios na capital; 1.º toque de recolher é imposto em 18 anos
O centro de Bangcoc transformou-se nesta quarta-feira em um campo de batalha em chamas depois que membros da oposição, ultrajados com a repressão violenta do Exército, lançaram granadas, realizaram saques e incendiaram importantes edifícios da capital tailandesa.
A violência também se espalhou para sete outros províncias no noroeste do país, um reduto dos opositores, onde os manifestantes invadiram e incendiaram um prédio em Udon Thani e outro em Khon Kaen.
Apesar de a maior parte dos líderes do chamado movimento dos camisa vermelhas ter-se rendido, outros manifestantes protestaram violentamente em Bangcoc, pondo fogo em 27 edifícios, afirmou o governo, incluindo a bolsa de valores do país, o segundo maior shopping center do Sudeste da Ásia, dois bancos, um cinema e sedes de jornais. Fumaça negra de pneus queimados também podia ser vista emanando da avenida Rama IV, onde os "camisas vermelhas" atearam fogo no andar térreo de uma estação de TV. Cerca de 900 soldados e policiais foram mobilizados para proteger os bombeiros que se dirigiram ao centro da cidade para combater as chamas no shopping Central World, disse uma fonte militar à AFP. O local estava fechado há várias semanas. O primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva tentou durante a noite assegurar que seu governo restauraria a calma no país, mas os incêndios se espalharam por toda a capital. Seu governo decretou um toque de recolher das 20 horas locais (10 horas em Brasília) às 6 horas de quinta-feira (20 horas em Brasília) na capital e outras 23 províncias do país e, em um pronunciamento na TV, Vejjajiva advertiu que os soldados receberam permissão de disparar contra suspeitos de iniciar os incêndios. Além de impor o toque de recolher, o primeiro a entrar em vigor no país desde 1992, o governo ordenou aos canais de televisão que transmitam apenas programas aprovados oficialmente. Pelo menos cinco manifestantes e o fotojornalista italiano Fabio Polenghi, de 48 anos, morreram na operação militar, que foi recebida com grande resistência pelos manifestantes. Polenghi, que morreu após ser atingido por um disparo no peito, foi identificado por um amigo que viu suas imagens na TV, afirmou o jornal britânico Guardian citando a agência de notícias Ansa. Além de Polenghi, outros três repórteres, um holandês, um americano e um canadense estão entre 330 feridos. De acordo com testemunhas, os corpos de outras seis a oito pessoas estão em um tempo budista, segundo a Associated Press. Se confirmada a informação, o número de mortos na violência desta quarta-feira poderia chegar a pelo menos 12. Os protestos vêm ocorrendo desde março, mas a violência voltou a aumentar na quinta-feira, quando um general que participava do movimento de oposição foi ferido com um tiro na cabeça. Em seis dias de violência, há pelo menos 41 mortos.
Fonte: Último Segundo
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