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domingo, 17 de abril de 2011

Carta de um neófito ao PV

Carta de um neófito  ao PV
O que faz um cidadão buscar militância em um partido político? O que o tira de seus afazeres diários para dedicar-se à política? Por que afinal alguém escolheria abrir seu coração em prol de uma causa? A crise que se manifesta atualmente no PV é resultado da dificuldade de alguns membros do partido em entender as respostas para essas perguntas.
Historicamente, nos tempos antes das democracias contemporâneas, homens e mulheres sacrificaram suas vidas por nobres ideais; afinal, sonhar com o futuro e com o melhor é atributo indissociável da condição humana, já observada por centenas de filósofos. No entanto, por mais que tenham sido diferentes suas visões, há algo que une todos
eles – uma vontade acima de qualquer ideologia: o desejo de participar.
E foi com a participação destes apaixonados que chegamos aqui: um mundo que, apesar das inúmeras debilidades, superou intelectualmente a chacina dos inocentes, o absolutismo, a falta de liberdade para agir, o silêncio dos que não podem. Participar é sinônimo de construir – ninguém constrói um futuro sozinho. Todos estes inúmeros anônimos mortos décadas, séculos e milênios passados, não tinham nenhum outro
desejo senão de participar, de poder fazer valer suas concepções de certo e errado. Participação é o que traz o avanço. É o que buscam as mulheres e homens de valor, é o que quer o cidadão citado no intróito desta carta.
A atual divisão do Partido Verde não é um duelo entre dois grandes representantes do partido na disputa pelo poder. Longe disso, tal divisão é na verdade um conflito entre duas concepções políticas distintas, que finalmente vieram a se confrontar. É o conflito entre uma visão centralizada, onde as grandes decisões acabam recaindo sobre um seleto grupo de pessoas, e uma visão descentralizada, onde todos podem participar da tomada de decisão. Conflito qual, seja dito, parece retrógrado para este início de terceiro milênio.
E como é recebido o novo filiado neste partido? Ele de imediato percebe que nem mesmo aqueles que julga mais experientes podem participar. E daí virá a fatídica reflexão: "ora, se nem mesmo os meus maiores ídolos, tais como Marina Silva, Fernando Gabeira, Ricardo Young, Fábio Feldmann e diversos outros, conseguem participar efetivamente, que dirá minha humilde insignificância dentro desta estrutura engessada!".
Tal como eu, dezenas de milhares vieram ao PV (e estou certo que novas dezenas de milhares, quiçá centenas, virão no futuro) após ver um sonho se realizar: ressurgir um ideal para lutar, depois de tanto tempo de insatisfação. Uma nova forma  de fazer política, uma nova agenda ambiental, um novo conceito da tenuidade entre liberdade
individual e Estado – enfim, uma agenda própria para um novo ideal. Mas enquanto o Partido não se abrir para a participação política de todos os filiados, qualquer novo membro que chegar terá uma lamentável decepção ao ver que aqui adotamos o “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”, e quando isso acontecer teremos perdido nossa principal esperança: uma verdadeira infantaria de idealistas apaixonados e comprometidos com a ética e a boa política.
A maior força do nosso PV está nos próprios companheiros. Permiti-los ter voz dentro do partido é fundamental para iniciarmos esta mudança e para inspirar de confiança nossos futuros filiados. E para esta mudança precisamos readquirir o espírito idealista de nossa fundação e nos “refundar”. Não amanhã, nem depois de amanhã, mas agora! Ou será
que não serei ouvido por simplesmente ainda ser um neófito?

Com Esperança,

Yuri Camara Batista
Membro da Juventude do Partido Verde do Estado de São Paulo
Filiado ao PV desde Novembro de 2010
Fonte: REDE Os Verdes/Jornal dos Amigos

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