No filme Matrix, dirigido e roteirizado pelos irmãos Andy e Larry Wachowski, há 10 anos, a questão filosófica central era: O que é o real?
Num determinado momento do filme, há o encontro para explicar que o mundo no qual se vive não é o mundo real e verdadeiro. Essa possibilidade de explicação é dada pela escolha da pílula azul ou a vermelha. Tomando a azul, volta à ilusória e superficial vida; se optar pela pílula vermelha, conhece a verdade que está por detrás do mundo que julga ser real.
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Matrix é permitir a alteração do uso comercial da área, para uso misto (comercial e residencial), numa canetada. Matrix é ver terreno leiloado por R$ 7 milhões pelo Município - para pagar passivo trabalhista aos ex-funcionários do Estaleiro Só - passar a valer algo em torno de R$ 70 milhões. Pra quem não sabe, é a finalidade de uso que determina o valor territorial de uma área, urbana ou rural. No contexto da Matrix, o vereador Valter Nagelstein (PMDB), líder do governo municipal na Câmara, declara: "Quando olho para o Pontal, pergunto-me o quanto a cidade vai ganhar com o empreendimento e não quanto o empresário vai ganhar com a obra". Como cidadãos, contrapormos: quando olhamos para o Pontal, perguntamos quanto à cidade deixou de ganhar em benefício de um único empreendedor. Resposta: R$ 63 milhões.
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Quanto, a saber, à qual população garantir geração de trabalho e renda, cabe supor se tratar da população de empreiteiras, no mundo, que acorrerão à capital gaúcha, para montar escritórios e contratar consultorias junto a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Sim, somos realmente modernos. Acreditamos piamente no “progresso pra burguesia e ordem pra malandragem”. Afinal, enquanto uma maioria de famílias vive em condições de marginalidade, sem regularização fundiária e urbanização de favelas que garanta o título de propriedade do terreno em que vivem, há gerações, ou a dignidade do endereço pra abrir uma conta no banco ou receber uma carta. Enquanto centenas de jovens e adolescentes espalham pela cidade a revolta produzida por décadas de prevalência dos interesses individuais e privados sobre os interesses sociais e públicos, traduzida em violência, assaltos, prostituição e drogadição. Uma minoria quer morar às margens do rio, lago ou mar.
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Eis a nossa Matrix: Votar SIM ou Não Votar é tomar a pílula Azul. Votar NÃO ao projeto do Pontal do Estaleiro é tomar a pílula vermelha.
Qual pílula a população de Porto Alegre escolhe?
Por João Volino Corrêa
Presidente da AMAAssociação dos Moradores e Amigos da Auxiliadora
Fonte: recebido por e-mail
2 comentários:
PARABÉNS JOÃO ! ! !
TEMOS QUE DISPONIBILIZAR A PÍLULA VERMELHA PARA TODOS OS PODERES PÚBLICO DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA !
NO PRIMEIRO MOMENTO :
AO SENADO E AO CONGRESSO NACIONAL.
eduino de mattos
porto alegre-rs brasil
Tchê, apesar dos preconceitos contra a livre iniciativa, que me soam meio cafonas (...eu ao menos admiro muito a liberdade e o empreendedorismo), teu artigo está interessante. Só que eu acho esta uma falsa discussão. Penso que qualquer empreendimento ali poderá ser muito bom, mesmo com uso habitacional, se possuir rigorosa certificação ambiental e uma estética à altura da belíssima paisagem lacustre. então, o que devemos exigir é esta certificação, de preferência por organismo externo e internacional.
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