Maré Negra
Na quinta-feira passada a empresa British Petroleum (BP) comemorou o sucesso da operação que finalmente estancou o vazamento de petróleo no Golfo do México. Após 88 dias da explosão da plataforma, os números do desastre são assustadores. Foram 4,5 milhões de barris de petróleo (700 milhões de litros) ao mar - formando uma mancha do tamanho equivalente ao estado do Rio de Janeiro - atingindo a orla de quatro estados americanos: Louisiana, Mississipi, Alabama e Flórida. O acidente trouxe, e ainda trará por muito tempo, prejuízos incalculáveis para o turismo e a pesca, além, é claro, dos danos aos ambientes naturais afetados. A região é conhecida por seus mangues, berçários de aves, crustáceos e ostras.
Para se ter uma idéia da dimensão do desastre, o vazamento de petróleo só é menor que o derramamento provocado por Saddan Hussein ao final da Guerra do Golfo em 1991, quando o ditador ordenou a destruição de poços durante a retirada do Kuwait. Naquela ocasião, pelo menos 6,6 milhões de barris foram jogados no Golfo Pérsico ou queimados durante vários meses, até que fosse possível conter os incêndios. O acidente da BP foi 17 vezes maior que o acidente com o navio petroleiro da Exxon Valdez no Alasca, em 1989, considerado até então, o pior acidente em águas americanas.
Trazendo para uma experiência mais próxima de nós, a quantidade de petróleo derramada foi 538 vezes maior que no acidente provocado pelo rompimento de um duto da Petrobras, em 2000, na Baía da Guanabara. Isso nos remeta a uma pergunta fundamental: o Brasil estaria preparado para enfrentar um acidente como esse? Essa é uma pergunta que terá que ser respondida nesses tempos de Pré-sal.
Cristiano Machado Silveira
Biólogo
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail
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