Declarações de Lula geram constrangimentos na base
Com ar de incredulidade, o deputado José Genoino (PT-SP), preso político da guerrilha do Araguaia (1971-1974), disse que não entraria no mérito da declaração por não ter entendido o contexto, mas demonstrou postura radicalmente oposta em relação ao caso: "o que posso dizer é que, por princípio, sou contra prisões por razões políticas", disse.
Militante histórico da esquerda e defensor ardoroso da revolução cubana, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) também tem reservas à atitude de Lula. "Ele perdeu a chance de jogar luz sobre a situação dessas pessoas e até de negociar uma eventual troca de presos com os Estados Unidos, usando a boa interlocução que tem com os dois países", observou.
Na entrevista, Lula pediu respeito às decisões da Justiça cubana sobre a prisão de opositores do regime comunista da ilha. "Greve de fome não pode ser utilizada como um pretexto de direitos humanos para libertar pessoas", afirmou o presidente. "Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem libertação", comparou.
"Ele atuou contra os interesses do Brasil e a favor da ditadura cubana", criticou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), ex-guerrilheiro de esquerda expulso do País nos anos de chumbo. Gabeira reconhece o direito de Lula de ser contra greves de fome, mas não entende sua "miopia" em relação à situação política de Cuba. "Ele confunde prisioneiro de consciência com bandido, luta pacífica pela democracia com assalto à mão armada", afirmou.
No plenário da Câmara, alguns parlamentares de oposição se revezaram em críticas contundentes às declarações do presidente. "Até quando o presidente Lula vai continuar apoiando ditaduras sanguinárias? Quantos mais terão que morrer?", indagou o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA).
Ninguém subiu à tribuna para defender o presidente, mas alguns aliados deram declarações isoladas em sua defesa. "Ele procurou preservar sua função de chefe de Estado", disse o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP). "Quando se trata de assunto interno de outro país, o presidente não pode ficar fazendo comentários", explicou.
Fonte: G1
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