O que importa não é a salvação do status quo, mas a salvação da vida e do sistema Terra. Esta é a nova centralidade, que redefinirá os rumos da política, afirma neste artigo o teólogo Leonardo Boff.
Não existe no mundo uma representação política dos interesses da humanidade e da Mãe Terra que tutele sua proteção natural e cultural. Há séculos, vivemos sob a jurisdição dos Estados-nação, com suas particulares soberanias e autonomias. Como os problemas se tornam mais e mais globais, esta configuração política é insuficiente para oferecer as soluções necessárias.A Organização das Nações Unidas (ONU), que seria a instituição apropriada, está desmoralizada e nela só conta o Conselho de Segurança, controlado pelas cinco potências com direito a veto, com os Estados Unidos à frente. Tampouco está disponível um contrato social mundial que estabeleça práticas políticas globais. Faltam referências coletivas que facilitem o consenso e resolvam eventuais conflitos. Esta é uma das causas do fracasso de numerosos encontros internacionais sobre assuntos globais, como o da mudança climática, realizado em dezembro em Copenhague, ou o de comércio mundial, de 2001 em Doha.
Vivemos um momento da história em que está em jogo nosso futuro comum. O encadeamento de crises e especialmente a questão ecológica podem originar uma tragédia de enormes proporções, que impõe a urgente adoção de medidas. O orçamento para isso é uma referência comum, um conjunto de valores, princípios e inspirações que ofereçam um fundamento ético e político à comunidade mundial. O que importa não é a salvação do status quo, mas a salvação da vida e do sistema Terra. Esta é a nova centralidade, que redefinirá os grandes rumos da política.
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