Perda de hábitats e fungo letal dizimam populações de anfíbios
A destruição de hábitats e um fungo letal estão dizimando populações de anfíbios em todos os continentes. Um estudo publicado na última edição da revista científica PNAS mostra que esses animais podem ter chegado a uma encruzilhada na sua história evolutiva. O trabalho, que tem como autor principal o biólogo brasileiro Carlos Guilherme Becker, revela que, paradoxalmente, o fungo é mais agressivo nos ambientes mais preservados.
Becker diz que seu artigo não equivale ao reconhecimento de um "lado bom" da devastação. "Não faria sentido: a ameaça número um para os anfíbios é a perda de hábitats", afirma o pesquisador, doutorando da Universidade Cornell, nos EUA. Ele recorda que os anfíbios servem como verdadeiras sentinelas, pois são o primeiro grupo de animais a sofrer com o desequilíbrio.
"Quanto mais próximo dos trópicos e da zona tropical, mais especializados são os seres vivos e, como consequência, mais restritos seus hábitats", afirma o pesquisador. O estudo mostra que eles estão sendo prensados pelo avanço das fronteiras do desmatamento e pela ameaça biológica do fungo nas regiões preservadas.
A razão pela qual os fungos se tornam mais agressivos nos ambientes intactos ainda não foi esclarecida. Os cientistas levantam duas hipóteses principais. A primeira sugere que o fungo se beneficia da maior biodiversidade, com mais espécies que podem ser infectadas. A segunda hipótese parte da observação de que o Batrachochytrium dendrobatidis, nome científico do fungo, não suporta calor. E, quando a cobertura vegetal é removida, a temperatura costuma subir.
Fonte: Estadão
Image: Save The Frogs
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