Contabilizando o belo
Por Ana Echevenguá
Costumo caminhar pela praia, olhando pra areia. Pro chão. E vou contabilizando o lixo, o despejo dos resíduos, as pegadas e cocô de cachorro... enfim, presto atenção no tratamento que os ‘meus iguais’ dispensam à beira-mar.
Outro dia, estava tão absorta nessa ‘contabilidade’ que, quando olhei pro meu lado esquerdo e vi o mar, tomei um susto. Isso: um susto!
Impactou-me o azul do céu e o dourado-prateado dos raios de sol refletindo nas águas, o branco das ondas, os morros verdejantes no horizonte, o vôo das gaivotas... Tanta beleza- ali, do meu lado... tão próxima – e eu olhando pro lixo do chão, brigando mentalmente com os usuários da praia, com a ineficiência da fiscalização dos órgãos públicos...!!!
Respirei fundo para melhor usufruir daquele momento, daquela beleza ímpar, gratificante e gratuita. Troquei meu ‘parceiro de caminhada’: a visão da paisagem ao meu lado era melhor do que a do solo em que eu pisava.
Decidi escrever a respeito. Contar às pessoas que eu me senti melhor ao trocar o meu foco. E que isso pode ser levado para o cotidiano.
Vou aprender a contabilizar o belo! Rapidinho!! Como bem canta Milton Nascimento, em “Outro Lugar”: “... O céu já tá estrelado e tá cansado de zelar pelo meu bem. Vem logo que esse trem já tá na hora, tá na hora de partir...”.
Tudo o que nos cerca tem alguma porção de lixo. Mas tem – em maior quantidade - algo de belo e bom e positivo a ser respeitado, admirado, absorvido... É só querer enxergar!
Fonte: REDE Os Verdes/via ECO & AÇÃO
Um comentário:
Ficaram ótimas as imagens postadas junto com o meu artigo. Obrigada pela divulgação!!!
Postar um comentário