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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Falta uma política agrícola para o Brasil

 
 Falta uma política agrícola 
para o Brasil 
Por Rosane Ferreira* 
O principal problema que os agricultores brasileiros enfrentam é a falta de uma política agrícola. Há décadas não há investimentos em infraestrutura, não há desenvolvimento de tecnologia para evitar o desperdício no transporte de cargas e, o pior, não há uma política econômica que favoreça o setor e garanta um preço mínimo justo. 
Todos os diagnósticos constatam que os entraves começam mesmo antes do plantio da safra. Os custos com aquisição de equipamentos agrícolas, diesel, fertilizantes e agrotóxicos oneram a produção de tal forma que, somados, deixam o produtor brasileiro à mercê das instituições financeiras e vítima da falta de visão estratégica dos governantes. 
Quando o agricultor consegue vencer os entraves da produção e começa a colheita, aí sim fica patente a falta de uma gestão pública para dar conta do que ainda está por vir: Faltam armazéns públicos, silos, secadores e câmaras frias. Mas nada se compara à falta de infraestrutura para transportar a safra, com estradas em péssimo estado, insumos rodoviários, pedágios e modal ferroviário insuficiente para atender a demanda. 
Eu fico estarrecida quando transito pelas estradas do Paraná em época de safra ao ver a quantidade de grãos desperdiçados no transporte, que deve, com certeza, extrapolar todos os limites considerados ‘plausíveis’. Veja ainda a fila de caminhões em direção ao Porto de Paranaguá e me pergunto: “Até quando teremos que assistir a esse triste espetáculo, que mostra a incompetência da gestão pública?” 
Os números falam por si. Nossa capacidade de produção aumenta a cada ano – a despeito de todas as dificuldades. Com o nosso potencial agrícola, fico imaginando aonde chegaríamos se juntos conseguíssemos sanar todas essas dificuldades através do bom senso e da convergência de propostas.
Muito se fala que de todos os problemas que o agricultor brasileiro enfrenta, a legislação ambiental é o maior deles. Eu discordo. A falta de uma política agrícola que leve em consideração todos os aspectos que oneram a produção – do plantio ao transporte – é sim o principal problema do setor agrícola. 
De nada adianta mudarmos a legislação ambiental, quando nossa produção não for competitiva com os preços do mercado internacional. Outro dia mesmo, acompanhei produtores de feijão do Brasil capitaneados por entidades representativas do setor em audiência com Ministro da Agricultura para impedir que o feijão da China inundasse o mercado brasileiro. Esse é um dos inúmeros exemplos das distorções que os produtores brasileiros enfrentam. 
Na discussão em torno do novo Código Florestal, é recorrente o argumento de que a legislação ambiental é responsável pelos problemas que os agricultores enfrentam e serve de entrave para o aumento da produção no país.
Pode-se mudar a política ambiental como querem agricultores e governo, mas a nova legislação não terá forças para enfrentar os problemas que são, repito, gerados pela falta de uma política agrícola. Este sim, o grande desafio a ser enfrentado pelos homens públicos de todas as esferas de governo.
Este foi o conteúdo, na íntegra, do pronunciamento que proferi no Plenário da Câmara dos Deputados.
*Deputada Federal/PR
Fonte: REDE Os Verdes/via e-mail

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